Raquel Dodge quer ter acesso às investigações do caso Marielle

FONTENo Correio Braziliense
Dodge: pedido de acesso a documentos pode mudar competência do caso. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, quer ter acesso às investigações relacionadas ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes para saber se houve envolvimento, no caso, do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Inácio Brazão. Em um pedido enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Dodge ressalta que precisa ter acesso aos documentos para solicitar um eventual deslocamento de competência das investigações. Apesar de não exercer as funções no momento, Brazão mantém ligação com o tribunal e por isso tem foro privilegiado.

No relatório enviado ao STJ, e revelado pelo jornal O Globo, Dodge afirma que procuradores do MPF tomaram conhecimento da eventual participação de Brazão no crime ao colherem o depoimento do miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, que está preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), acusado de ser um dos autores dos disparos que mataram Mariele e Anderson. Para Dodge, o inquérito pode conter indícios de “autoria intelectual” do conselheiro no crime que já completou mais de 500 dias sem solução.

Conselheiros de contas só podem ser julgados no STJ. Caso Domingos esteja envolvido, a competência da condução das diligências passaria para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal entraria na investigação em si. Atualmente, dois inquéritos correm em relação ao caso. Em um deles, a PF investiga se autoridades locais do Rio tentaram obstruir as diligências do caso. O outro, que tenta encontrar o mandante das mortes, corre a nível estadual.

Brazão é ex-deputado estadual e mora em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Ele foi alvo de um mandado de buscas cumprido pela Polícia Federal em fevereiro deste ano. Na ocasião, os agentes recolheram documentos e arquivos eletrônicos para saber se ele tem ou não participação nos homicídios. A PGR suspeita que ele pode ter usado a influência do cargo para obstruir investigações. A defesa dele nega, e diz que o cliente já colocou o sigilo fiscal e bancário à disposição da Justiça.

Em depoimento à PF, o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira disse que levava suborno à Delegacia de Homicídios da Capital, no Rio, a mando de Orlando Curicica, e entregava para policiais. Ferreira também confessou que mentiu para incriminar o vereador Marcelo Sicilliano (PHS-RJ) como mandante do crime.

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