Reaja ou será morta! Uma Campanha para além da conjuntura.

 

Com palavras fortes e posturas sem vacilações, militantes do movimento negro, do movimento de mulheres, do povo de santo e da luta LGBTT irromperam do silêncio entediante dos veículos de comunicação e dos repetidores(as) do discurso oficial e afirmaram: uma campanha pela vida, contra o racismo, contra o sexismo, contra a homofobia, pela auto-organização do povo preto. Há seis anos atrás, militantes.

Nascida da experiência da mobilização popular a “Campanha Reaja”, como ficou conhecida em todo o país, ganhou relevância e expressão pública valendo-se da estratégia do fortalecimento das redes sociais de proteção nas comunidades populares. Ao tempo em que denunciavam as mortes, e a sua dimensão de violência racial, os(as) militantes da Campanha Reaja também atuavam no campo do acolhimento e debate político junto aos familiares das vítimas de violência e da formulação política por um outro modelo de segurança pública.

A Campanha Reaja nasceu na capital, mas, avançou para o interior ganhando significado nacional e internacional e servindo de base política na formulação do I Encontro Nacional Pela Vida e um outro Modelo de Segurança Pública, realizado em agosto de 2009, em Salvador. De modo autônomo e decidido, a Campanha Reaja organizou formação política nos presídios, delegacias e casas de detenção, articulou politicamente no parlamento em defesa de uma plataforma de combate a violência e ao racismo institucional, formulou debates e denúncias nas Universidades, se multiplicou e reinventou estratégias de mobilização junto as comunidades populares, urbanas e rurais. Como estava escrito no manifesto de lançamento a Campanha Reaja representou uma ação coletiva contra a violência e o extermínio da população negra.

Hoje, passados seis anos da histórica vigília nas escadarias do prédio da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia, momento histórico na vida de todos nós presentes àquele ato, a pauta política desta Campanha continua atual: a violência se mantém com índices alarmantes no estado e permanece entre os(as) negros(as) a principal concentração de toda esta mortandade. Como afirmávamos nas palavras de ordem daquela oportunidade: “Estamos (e continuamos) por nossa própria conta”, como nos ensinou o grande Steve Bantu Biko.

Na lembrança dos seis anos da Campanha Reaja é tempo de olhar para as disputas realizadas e vislumbrar os desafios postos para o próximo período. Força e coragem é o que desejo a toda companherada! Determinação e entusiasmo para os(as) que estão chegando na peleja e a vitória para aqueles e aquelas que fazem da luta o caminho possível para realização dos próprios sonhos. Por uma sociedade livre, emancipada e solidária! Contra toda forma de discriminação, sigamos em marcha.

Um abraço companheiro,

Felipe da Silva Freitas

 

Fonte: Lista Racial

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