Juliana Wahlgren atua na Rede Europeia contra o Racismo encaminhando propostas às instituições europeias, em Bruxelas.
por Adriana Moysés
A União Europeia é a região que acolhe o maior número de imigrantes no mundo, de 55 a 60 milhões de cidadãos estrangeiros, segundo dado oficial da agência Eurostat. Esse número é considerado subestimado por outras fontes. Recente artigo do jornal Le Monde citou a presença de 71 milhões de imigrantes no bloco. Nesta campanha para o Parlamento Europeu, os partidos de extrema-direita se apoderaram do tema.
Os candidatos nacionalistas de direita e os “eurocéticos” propagam no eleitorado a falsa ideia que uma das principais razões do elevado nível de desemprego em seus países é a presença maciça de imigrantes, incluindo europeus de outros países do bloco. Eles citam com frequência a “invasão” de imigrantes poloneses, romenos e búlgaros.
De Paris a Madrid, de Londres a Roma ou de Amsterdam a Lisboa, as eleições europeias serão influenciadas por uma das questões mais importantes que a Europa deverá enfrentar no futuro: a imigração. Tema polêmico em tempos de crise econômica, o fato é que a União Europeia terá de encontrar soluções para lidar com a diminuição do número de trabalhadores no mercado. A população do bloco envelhece rapidamente e as taxas de natalidade não acompanham essa evolução no mesmo ritmo.
Estudos mostram que até 2030, a população em idade de trabalhar na Europa vai encolher 12%. Além da questão da demografia negativa, a ONU estima que o movimento de migrações será duradouro e vai se ampliar, seja por causa de guerras, problemas climáticos, políticos ou econômicos, como as oportunidades geradas pela globalização.
Brasileira faz “advocacia política” no Parlamento
A reportagem da RFI esteve em Bruxelas e ouviu a brasileira Juliana Wahlgren, que trabalha na Rede Europeia contra o Racismo (Enar, do inglês European Network Against Racism), uma ong inscrita como grupo de influência no cadastro de lobistas da União Europeia. A Enar promove atualmente ações na França, Grécia, Hungria e Itália para combater a xenofobia no discurso político dos candidatos e discriminações contra estrangeiros e minorias.
A Enar elaborou uma agenda com sete proposições ao futuro Parlamento. As propostas vão desde o reforço das leis para punir a violência racista à criação de uma “comissão da verdade”, a fim de denunciar as discriminações contra negros, judeus, muçulmanos e outras minorias na Europa.
Juliana Wahlgren explica que a Enar também “defende a inclusão dos imigrantes nos processos de decisão do bloco, facilitando o direito ao voto, por exemplo”. Outra demanda é “melhorar a coleta de dados sobre migrantes e minorias, de modo que esses grupos se tornem visíveis” para o poder público.
Ouça a entrevista completa clicando no arquivo de áudio do alto da página.
Fonte: RFI