Renata Souza leva adiante as lutas de Marielle Franco

FONTEPor Cassio Bruno, do O Dia
Deputada estadual eleita Renata Souza (PSOL) (Foto: Caio Oliveira/Divulgação)

Rio – Ex-chefe de gabinete da vereadora assassinada Marielle Franco, Renata Souza, de 36 anos, resolveu entrar para a política pelo mesmo partido que elegeu a amiga, o PSOL. Ao concorrer pela primeira vez, já conquistou a vaga de deputada estadual com 63.937 votos.

Em entrevista, Renata critica a articulação do PSL do presidente eleito Jair Bolsonaro para afastar o PSOL da Comissão de Direitos Humanos da Alerj. Criada no Complexo da Maré e formada em Jornalismo, ela seria a substituta de Marcelo Freixo no comando do órgão.

O DIA: A nova bancada do PSL, com 13 deputados eleitos, não quer que a Comissão de Direitos Humanos seja presidida pelo PSOL. O que você acha disso?

RENATA SOUZA: É um equívoco e falta de conhecimento sobre os avanços. Foi nessa gestão, com o Freixo, que aprovamos um protocolo de atendimento específico a familiares de policiais vítimas de violência no Rio. Realizou atividades em várias favelas e periferias. É lamentável perceber que a comissão virou moeda de troca.

Como o PSOL tentará reverter a situação?

Com o apoio da população e de entidades da sociedade civil que acompanhou o nosso trabalho. A comissão estabeleceu vínculos sólidos com organizações não governamentais, universidades e entidades internacionais. Em breve, algumas dessas irão se posicionar para pressionar uma solução que seja a melhor.

Quem apoiará para a presidência da Alerj?

O PSOL, historicamente, não vota nos presidentes da Alerj porque há a tradição em ser o candidato da situação. Mas votarei no (André) Ceciliano (PT, que disputa a reeleição) por entender a responsabilidade em manter a Comissão de Direitos Humanos no campo progressista. Diferente do (André) Corrêa (DEM), que, antes de ser preso (na Operação Furna da Onça), barganhou com a comissão oferecendo-a ao PSL.

A senhora fará oposição ao governador eleito Wilson Witzel?

Será uma oposição responsável e republicana. Não é razoável, por exemplo, que ele apresente como solução para a violência no Rio “mirar na cabecinha” de um suspeito com um suposto fuzil nas mãos. É um crime contra a humanidade. O ex-juiz sabe que não há pena de morte no Brasil, mas quer aplicá-la em função do seu novo cargo.

Qual será a sua bandeira como deputada?

Sem dúvida a defesa intransigente da vida dos jovens negros e das mulheres. Porque são eles as principais vítimas das violações do próprio Estado, seja por sua ação ou omissão.

Que legado de Marielle Franco influenciará no seu trabalho?

A luta contra desigualdades. O legado da Mari é universal. Todos que defenderem a população que sofre com o racismo, o machismo e a LGBTfobia carregam essa responsabilidade. Em especial, quando se remete à memória de uma mulher, negra, lésbica e favelada que ocupou a política para garantir a democracia.

 

-+=
Sair da versão mobile