Retraída, cantora Sade volta aos holofotes

Quando um locutor de rádio perguntou a Sade o que ela tinha feito nos dez anos passados entre dois álbuns, ela respondeu: “Estive numa caverna. Acabei de empurrar para trás a rocha que cobria sua entrada”.

Ela riu discretamente ao relatar a conversa. Estamos em sua casa em estilo georgiano em Islington, bairro da zona norte de Londres. Sade está aninhada no sofá com os pés enfiados sob o corpo.

Uma entrevista sobre seu novo álbum, “Soldier of Love” (Epic) -apenas o sexto álbum de Sade gravado em estúdio desde seu disco de estreia, de 1984-, se estendeu, virando um bate-papo de quatro horas. “Não tenho percepção real nenhuma do tempo”, disse Sade, 51, que nasceu na Nigéria com o nome Helen Folasade Adu. Seu pai era nigeriano, professor universitário de economia. Sua mãe, enfermeira inglesa, a criou na zona rural do Reino Unido após o divórcio do casal.

As baladas discretas de Sade já venderam mais de 50 milhões de álbuns em todo o mundo. Seus sucessos foram onipresentes nos anos 1980 e 1990 -canções como “Smooth Operator”, “No Ordinary Love” e “The Sweetest Taboo”. Sade emergiu na era do vídeoclipe, em que muitos artistas pop buscavam exposição máxima para sustentar suas carreiras. Em vez disso, porém, Sade vem evitando a atenção pública, deixando que suas canções apenas a definam. A decisão, no final das contas, pode ter feito com que ela seja mais apreciada. Seus fãs não a esqueceram; as encomendas antecipadas fizeram de “Soldier of Love” o número dois na lista de álbuns mais vendidos da Amazon recentemente.

No que concerne à indústria musical, Sade poderia muito bem ter estado em alguma caverna desde 2002, quando ela e sua banda encerraram a turnê do álbum “Lovers Rock”. Ela sumiu dos palcos, das capas de revistas e outras zonas de promoção de celebridades, embora tenha contribuído com uma canção para o DVD beneficente “Voices for Darfur”, de 2005.

“No caso da maioria dos artistas, sua persona pública é maior que sua persona particular. Eu diria que, com Sade, é praticamente o inverso”, disse Sophie Muller, amiga que Sade conheceu na faculdade de arte e design e que se tornou sua diretora de vídeo e, no caso de “Soldier of Love”, fotógrafa da capa do álbum.

Sade tinha uma reunião com seu empresário depois da nossa conversa, ciente de que ele ia tentar convencê-la a fazer mais esforços de divulgação. Talvez ela estivesse tentando adiar o encontro.

“Adoro escrever canções”, disse ela. “Mas tenho um pouco de dificuldade em me abrir para tudo o que acompanha isso na indústria musical -as expectativas e pressões que são impostas à gente.”

Ao mesmo tempo em que trabalhava sobre “Soldier of Love”, disse ela, “entrei naquilo com certa hesitação. Não estava ansiosa para voltar à atenção pública, ser reconhecida outra vez”.

O novo álbum não modifica radicalmente o som de Sade, que é também o nome da banda que ela lidera desde 1983.
“Soldier of Love” é mais uma coletânea de canções lentas e pensativas, em sua maioria em tons menores e, em muitos casos, tecendo reflexões sobre amores perdidos e jornadas incertas. A banda se orgulha de ser hábil, mas não espalhafatosa.

À sua maneira própria e quieta, porém, muitas das canções do álbum encerram um novo sentimento de desolação. A música de Sade começou como uma visão britânica do soul americano delicado dos anos 1970, em muitos casos projetando uma discrição serene. Agora, parte dessa discrição desapareceu. No novo álbum, a voz de Sade trai mais dor e vulnerabilidade, aproximando-se mais que nunca do blues.

Os próximos compromissos na agenda de Sade são algumas apresentações na TV do primeiro single do álbum, “Soldier of Love”. Em algum momento Sade pretende preparar-se para uma nova turnê. “Quero, sim, subir no palco e cantar”, disse. “Mas, depois, quero sumir outra vez.”

Foto em destaque: Reprodução/ Mondo Moda

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