Sabemos que os mais pobres sempre vão sofrer mais

A constante e crescente tensão nas favelas do Rio de Janeiro, e consequentemente as mortes que vão ocorrendo em uma escala ascendente, vem preocupando seus moradores, moradores da cidade que circulam ou trabalham nelas e suas instituições.

Por Mônica Francisco Do Jornal Do Brasil

Em um momento de turbulência nacional, de incertezas políticas em um quadro que manifesta cada vez menos investimentos nas áreas sociais, que aliás, sempre foram a nossa maior chaga, produzida por um quadro brutal de desigualdades ao longo de mais de quatro séculos e diminuição de possibilidades para muitos cidadãos e cidadãs.

Há cinco dias “celebrávamos ” o silencioso 13 de Maio; e ainda que a  avaliação de muita gente seja de que apesar de tudo, a luta do movimento negro produziu positivas conquistas adquiridas pelos descendentes das populações escravizadas pelos portugueses que aqui viviam, muito ainda há por se conquistar, muitas das conquistas advindas das políticas públicas dos últimos anos, frutos da luta histórica de movimentos sociais, ainda devem ser consolidadas.

Nas favelas, como escrevi aqui por estes dias, há a concentração da maior parte desta população, que historicamente vem sendo alijada do direito à uma cidadania plena. Com acenos perigosos a uma diminuição do envolvimento e da responsabilidade do Estado no desenvolvimento e continuidade nas, e de políticas públicas importantes para a consolidação de uma cidadania plena, navega-se em águas perigosas.

Sabemos que os mais pobres sempre vão sofrer mais. A violência contra os mais vulneráveis é quase uma condição, na manutenção de um Estado que cada vez mais teime em assumir uma proposta que se alinhe unicamente com os interesses do capital. Não é à toa que acordos são buscados o tempo inteiro no mundo todo, no sentido de se criar formas de desenvolvimento sustentável.

Não se trata de defesas pessoais, ou de gestões partidárias. No caso dos mais pobres, se trata única e exclusivamente de se ficar vivo.

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