Sem Justiça não há paz

Sem justiça não há paz.

por Marcos Romão no MamaPress

O racismo nos EUA e o racismo no Brasil,
nos deixa a todos sentados em um barril de pólvora.

Durante as negociações um dos atiradores, um negro ( tem mais, qual a cor?) antes de morrer falou que estava com raiva do movimento em defesa da vida dos negros ” Black-Lives-Matter”, com raiva dos brancos, principalmente policiais e queria matar tantos policiais quanto possível.

Estava, sozinho, pertencia a alguma organização, fazia parte de um bando de criminosos que se aproveitam do caos? Ninguém sabe ainda.

Mas o certo é que o atirador é um assassino dos mais cruéis, ele matou policiais e ao mesmo tempo feriu o coração de todo um movimento em defesa da vida que é o “Black-Lives-Matter” e todos que lutam pelo fim das mortes provocadas por policiais racistas.

Também é certo que todas as política públicas levadas adiante para diminuir o grau de violência contra os negros em um sistema branco, pouco adiantaram, mesmo tendo um presidente negro.

A raiva expressada pelo atirador, é a mesma raiva que milhões de negros norte americanos carregam. Este é o barril de pólvora em que estão sentados todos os negros e brancos americanos interessados na paz e na possibilidade de convivência pelo menos pacífica.

A raiva do atirador negro, só colocou mais azeite nas fogueiras tanto dos negros que estão cansados de esperar, quanto dos policiais brancos racistas que agora terão desculpas para matar,

A guerra está vencendo e todos os cidadãos norte-americanos, estão diante de uma batalha, em que os que lutam pela vida, terão muitas dificuldades em se fazerem ouvir.

O rastilho da guerra racial está aceso, e não só nos EUA.

Aqui no Brasil, apesar da grande imprensa não falar das dezenas de mortes em nossas esquinas, com a intensidade que descrevem um “único” crime contra um negro americano, aqui também tem os “Black-Lives-Matter” Sem Nomes, que filmam com seus celulares os assassinatos de nossos jovens, mas nem a nossa dor, nem a nossa raiva, merecem alguma linha.

Sou absolutamente contra a violência racial ou qualquer forma, a abomino mais precisamente, mas tenho que reconhecer que ela está aí, está aqui, pois só a polícia do Estado do Rio de Janeiro, matou sozinha no ano passado, quase o mesmo número de todo os Estados Unidos da América.

Nos EUA, as lideranças negras que lutam pela paz, dizem que o Rubicom foi atravessado, e ninguém pode prever o que vai dar. O esforço para manter a paz, terá que ser muito grande.

Aqui no Brasil, nós que lutamos pela paz e pelo fim do morticínio racial, ainda precisamos lutar para que seja reconhecido que existe uma guerra genocida, para que então comecemos a desejar paz de uma forma efetiva.

Mas a história dá saltos, e a violência também e a violência tem o poder de alterar situações que pareciam ser de paz,

O ato deste atirador colocou todas as 3 Américas diante de um fato:
Temos uma guerra racial, mas precisamos reconhecê-la para que tenhamos pelo menos um armistício.

É o que as mães de Costa Barros me disseram, creio que seria o mesmo que minha mãe Aurore, me diria, se ainda estivesse viva.

Só na hora que reconhecerem que estamos aqui, e que estão nos matando, poderemos falar em negociações de paz.

E sem uma justiça igual para nós negros, não há paz para as Américas.

-+=
Sair da versão mobile