Sentença que condenou Cuca por ato sexual com menor há 34 anos é confirmada

O processo do caso está guardado no Arquivo de Berna, capital da Suíça. O Jornal Nacional teve acesso à página de número 915, em que sentença do juiz começa. A diretora do arquivo de Berna, leu processo e confirmou informações.

FONTEDo Jornal Nacional
Nome de Cuca e outros jogadores no processo arquivado na Suíça (Foto: JN)

A demissão do técnico do Corinthians por causa de uma condenação judicial na Suíça trouxe de volta ao noticiário um caso que teve repercussão enorme 34 anos atrás. Nesta sexta (28), o site ge confirmou, com exclusividade, a sentença que condenou o então jogador Cuca por violação sexual. A reportagem é de Guilherme Pereira, Martín Fernández e Rogério Romera.

O processo do caso está guardado nos Arquivos do Estado de Cantão de Berna, capital da Suíça, onde ficam arquivados documentos históricos e processos judiciais do país. Ele tem 1023 páginas. O Jornal Nacional teve acesso à página de número 915, em que a sentença do juiz começa.

Ela contém o nome dos quatro condenados – o primeiro é o de Alexi Stival, o Cuca – e os crimes que eles cometeram: ato sexual com menor e coação. O conteúdo completo do processo está em sigilo de 110 anos.

Barbara Studer, diretora do Arquivo de Berna, leu o processo nesta sexta-feira (28) e confirmou informações que se tornaram públicas por jornais suíços que acompanharam o julgamento e a condenação, em 15 de agosto de 1989.

O crime aconteceu em um hotel do centro de Berna, no dia 30 de julho de 1987. Cuca e outros dois homens que na época também jogavam no Grêmio foram condenados por por terem cometidos atos sexuais com uma menina de 13 anos. Um quarto jogador foi absolvido dessa acusação, mas foi condenado por coação, por ter participado do crime.

De acordo com o Barbara Studer, consta no processo que o sêmen de Cuca foi encontrado no corpo da vítima e que ela também reconheceu o treinador como um dos agressores.

Em uma entrevista coletiva na semana passada, quando foi apresentado como técnico do Corinthians, Cuca negou essas informações.

“Por três vezes a moça esteve lá na frente. Não é que não reconheceu, é que eu não estava. E ela, a vítima – não sou eu, é ela – falou: o rapaz não está, o rapaz não está. Se a vítima fala que não estava, como é que eu posso ser condenado?”, afirmou Cuca.

Barbara Studer também confirmou que a vítima tentou se suicidar depois do crime.

Os quatro acusados ficaram presos durante quase um mês. Pagaram fiança e voltaram ao Brasil. O julgamento ocorreu quase dois anos depois, sem a presença deles.

Cuca, Henrique Etges e Eduardo Hamester foram condenados a 15 meses de prisão. Os quatro receberam uma pena condicional que faz parte da legislação da Suíça. O condenado, nesse caso, não é preso por ser réu primário; só vai para a cadeia caso cometa algum outro tipo de delito durante um prazo determinado pelo juiz e este prazo já prescreveu no caso de Cuca e os demais condenados.

O advogado suíço Peter Kriebel explicou que na Suíça a coação sexual não é considerada estupro.

“A coação sexual é aplicar violência ou uma ameaça para fazer uma pessoa tolerar ou fazer atos sexuais. Estupro sempre contém o coito, isto é, a penetração”, explica.

No Brasil, o crime cometido pelos jogadores seria considerado estupro.

Em nota, a defesa de Cuca voltou a dizer que a vítima não o reconheceu, diferentemente do que confirmou a justiça suíça. A defesa reafirmou que cuca não manteve qualquer relação ou contato físico com a vítima e lamentou o que chamou de linchamento irresponsável por situações ocorridas há 34 anos.

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