Ser feminista é assumir uma postura incômoda, afirmam militantes

Debate UM BRASIL/ Brazil Forum UK com Amara Moira e Djamila Ribeiro

Debate do UM BRASIL conta com a escritora e militante LGBT Amara Moira e a filósofa e ativista do feminismo negro Djamila Ribeiro.

Do HuffPost

Parte da sociedade entende que os privilégios de que desfruta são oriundos apenas de seus esforços e não de uma sociedade desigual. Essa análise impede a mudança dessa situação nos casos de gênero e raça. O tema foi discutido pela escritora e militante LGBT Amara Moira e a filósofa e ativista do feminismo negro Djamila Ribeiro, entrevistadas pelo UM BRASIL.

“Trazemos narrativas de incômodo porque os cidadãos precisam se incomodar e entender o que significa o privilégio que vem sistematicamente sendo produzido à custa da opressão de outros grupos. Ser feminista é assumir uma postura incômoda de um grupo que historicamente vem sendo menosprezado. Feministas são pessoas comuns que lutam por uma sociedade mais justa”, explica Djamila.

“O lugar de onde você olha para a sociedade impede que veja algumas das questões, urgências que outros grupos colocariam como necessárias. Esse outro olhar que os movimentos sociais trazem tem penetração na sociedade como um todo”, complementa Amara.

Para Djamila, falta consciência para compreender que é responsabilidade também dos grupos privilegiados mudar o estado de coisas, caso contrário, cria-se a impressão de que apenas os grupos oprimidos devem falar sobre certos temas. “Eu tenho de pensar sobre minha condição o tempo inteiro, porque as pessoas não esquecem que sou negra nos espaços que chego ou na forma em que sou abordada”, destaca a filósofa.

Amara ressalta o papel da linguagem da manutenção das estruturas de poder vigentes. “Alguns não estão acostumados a serem questionados, a entender que sua palavra pode violentar outros grupos. Esse outro olhar que os movimentos sociais trazem tem penetração na sociedade como um todo. Isso é significativo de uma sociedade que se dá conta de que a linguagem é capaz de jogar grupos à margem. A linguagem tem poder – e cobrar que as pessoas que usam da linguagem sejam responsáveis por aquilo que dizem é o mínimo”, destaca.

 

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