Nessa segunda-feira, 25 de julho, o ministro interino das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), visitou o México em missão oficial.
Do Viomundo
O objetivo, segundo o portal do Itamaraty, era repassar “a agenda bilateral, incluindo as negociações para aprofundamento do acordo bilateral de preferências comerciais”.
Mas o que Serra conseguiu, de fato, foi protagonizar um vexame internacional, com direito a manchetes negativas.
O Infobae, diário digital argentino, cravou no título de sua matéria (abaixo, na íntegra): “A infeliz piada machista do chanceler do Brasil”.
Em matéria intitulada “Serra descobre a igualdade de gênero no México”, o El Pais diz que ele exibiu “pouca diplomacia”. Ironia fina.
No México, diferentemente do que ocorre no Brasil, as mulheres têm ampla representação no parlamento.
Em 2014, o Congresso mexicano aprovou uma reforma política que exige que os partidos apresentem 50% de candidatas.
Em consequência, após as eleições de 2015, 212 das 500 cadeiras na Câmara dos Deputados são ocupadas por mulheres. Ou seja, 46%.
No Senado lá, as mulheres já ocupam 47 das 128 cadeiras. Portanto, são 36% .
Pois bem, em entrevista coletiva conjunta com a chanceler do México, Claudia Ruiz Massieu, Serra disse, rindo: “Para os políticos homens no Brasil é um ‘perigo’ porque descobri aqui que metade das senadoras é mulher”.
Depois, ao reafirmar o convite à chanceler para os Jogos Olímpicos do Rio, Serra voltou a tocar na participação feminina na política mexicana: “Quero muito que você vá, mas será um perigo porque chamará a atenção para este assunto”.
A piada machista e a misoginia de Serra causaram indignação nas senadoras mexicanas.
Além disso, reavivaram a lembrança do gabinete “macho” do interino Michel Temer, que assumiu, em 12 de maio de 2016, após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT).
A reportagem do El Pais reabriu a ferida: “Uma fotografia ficou na memória naquele 12 de maio, o dia em que o novo Governo foi apresentado. O presidente rodeado por seus colaboradores. Todos os homens brancos. Nem uma mulher, nem um único negro”.
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José Serra descobre a igualdade de gênero no México
Chanceler interino brincou diante de sua colega mexicana sobre as mulheres na política
Luis Pablo Beauregard (México) e Camila Moraes (São Paulo), no El Pais, 26/07/2016
A cena aconteceu na segunda-feira. De um lado da grande mesa de madeira estava sentado o grupo que acompanhava a ministra das Relações Exteriores mexicana Claudia Ruiz Massieu. Ao lado dela, a embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes. Eram quatro mulheres e dois homens. Diante delas estava a delegação visitante. O ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, e sua equipe. Seis homens de gravata e uma mulher. Na mesa foi revelada a maneira como dois governos enfrentam a igualdade de gênero na política.
“Para os políticos homens no Brasil é um perigo porque descobri aqui que metade das senadoras é mulher”, brincou Serra diante de sua colega durante uma entrevista coletiva em que falaram sobre as relações comerciais entre os dois países.
A risada que Serra deixou escapar se referia a um fato: 47 senadoras trabalham na câmara alta mexicana, composta por 128 legisladores, representando 36% do Senado. O número reflete a batalha que as mulheres mexicanas travaram para obter mais espaços na política desde 1952, ano em que a primeira mulher foi eleita para o Congresso.
Serra, de 74 anos, disse durante sua visita à Cidade do México que no Brasil as mulheres não representam 20% do Senado. No seu tempo como senador, o político do PSDB conviveu com 13 mulheres, num total de 81 senadores. Numa classificação feita pela União Interparlamentar, o Brasil está no 153º lugar entre 185 nações. O México ocupa a sétima posição. Em outras classificações, como a realizada pela Women in Parliaments, uma fundação mundial suíça, o Brasil está relegado ao 131º posto.
Serra foi nomeado ministro em maio, quando Michel Temer foi designado presidente interino do Brasil depois do impeachment de Dilma Rousseff. Uma fotografia ficou na memória naquele 12 de maio, o dia em que o novo Governo foi apresentado. O presidente rodeado por seus colaboradores. Todos os homens brancos. Nem uma mulher, nem um único negro.
O presidente mexicano Enrique Peña Nieto apoiou a aprovação de leis que abrem o caminho para as mulheres na política.
Em 2014, o Congresso aprovou uma reforma política que exige que os partidos apresentem 50% de candidatas (no Brasil, existe uma lei análoga que exige 30% de participação feminina). Isso permitiu que 212 mulheres ocupassem um assento entre os 500 que compõem a Câmara dos Deputados depois das eleições de 2015, 46% dos assentos. Mas o México ainda tem várias pendências em relação à igualdade de gênero. O presidente só tem três secretárias em 19 pastas ministeriais. E em nível local, a diferença é ainda maior. De 32 governadores, apenas uma mulher comanda um Estado hoje.
Além da questão de gênero, os ministros das Relações Exteriores concordaram em questões comerciais. Ambos os países estão trabalhando no Acordo de Complementação Econômica 53 (ACE 53), um acordo assinado em 2002 que regula a exportação e importação de cerca de 800 produtos. Serra disse que pretende expandir o acordo, atualmente de dimensão modesta, que pode ser estendido para um universo de 10.000 produtos. O comércio anual entre os dois países, ambos gigantes da região, é da ordem de 8 bilhões de dólares (cerca de 26 bilhões de reais).
Sensibilidade diplomática
Depois de brincar em relação ao assunto com a colega, cujo trabalho no ministério que encabeça no México envolve fóruns de intercâmbio de boas práticas em gênero, justiça e violência, Serra recordou antes de encerrar a conversa que a agora afastada Dilma Rousseff foi presidente do país a partir de 2011. Procurado pela reportagem, o Itamaraty não se posicionou sobre a declaração do ministro até o fim desta terça-feira.
Sua viagem era, obviamente, de caráter diplomático, mas o tom adotado pelo chanceler interino ao fazer o comentário a Claudia Ruiz demonstrou pouca diplomacia. O chanceler reafirmou a ela seu convite para os Jogos Olímpicos do Rio, acrescentando, porém, uma advertência: “Quero muito que você vá, mas será um perigo porque chamará a atenção para este assunto” da participação feminina na política mexicana.
No Brasil, o episódio tampouco foi visto como conciliador, considerando, sobretudo, que o Governo interino de Michel Temer recebe críticas pela total ausência de mulheres em seus 22 ministérios. É a primeira vez que isso acontece no país desde o Governo ditatorial de Ernesto Geisel (1974-1979).
Nos perfis oficiais de Serra no Twitter e no Facebook, José Serra postou sobre seu encontro, rumo ao México, com María Ángela Holguín, sua homóloga colombiana. Os dois se encontraram no aeroporto de Bogotá, onde ele fez escala, para “realizar uma agenda de forte estreitamento comercial entre o Brasil e a Colômbia”. Mais uma surpresa, possivelmente, no caminho de um ministro acostumado a um gabinete 100% masculino.
desafortunado chiste machista del canciller de Brasil
José Serra, de gira por México, realizó una observación sobre las senadoras locales que causó indignación
do Infobae, 26 de julio de 2016
Al gobierno interino de Michel Temer le llovieron las críticas por no haber nombrado a ninguna mujer en su gabinete. El impasse “machista” parecía olvidado, pero este lunes el canciller José Serra no pudo evitar hacer una broma ante su homóloga mexicana sobre el “peligro” que representa que su país tenga tantas mujeres en política.
“Debo decir, cara ministra, que México, para los políticos hombres en Brasil,es un peligro, porque descubrí acá que mitad de las senadoras son mujeres“, dijo Serra mientras se le escapaba la risa en una comparecencia conjunta con la canciller mexicana, Claudia Ruiz Massieu.
Serra, de visita en México, reconoció que en Brasil las senadoras no llegan ni a un 20% y que nunca hubo tampoco una ministra de Relaciones Exteriores. Sin embargo, la ahora suspendida Dilma Rousseff –que fue sustituida por el vicepresidente Michel Temer para ser sometida a un juicio político en el Senado– fue la primera mujer en asumir la presidencia del país en 2011.
José Serra y su homóloga mexicana, Claudia Ruiz Massieu, (AP)
El canciller reiteró a Ruiz Massieu su invitación a los Juegos Olímpicos de R[io de Janeiro, pero le hizo una advertencia.
“Yo quiero mucho que usted vaya allá, pero va a representar ese peligro, porque va a llamar la atención para el asunto“, sonrió el ministro, que perdió las elecciones presidenciales de 2010 frente a Rousseff.
Temer fue muy criticado en mayo por conformar un gabinete conservador, sin mujeres ni negros, dos grupos que representan cada uno más de la mitad de la población del país.
Tres de sus ministros han caído en estos poco más de dos meses por sospechas de corrupción.
Temer asumirá definitivamente el gobierno de Brasil si la mandataria de izquierda es destituida en el juicio político que enfrenta por manipulación de cuentas públicas.
Con información de AFP