Sou contra o aborto.

Sou contra o aborto. Mas sou contra a criminalização do aborto também. O meu princípio moral e cristão não pode permitir que mulheres por motivos que desconhecemos e não nos cabe “julgar” outro princípio cristão, caia nas mãos de clínicas clandestinas e morram. “Sou a favor da vida” outro princípio totalmente cristão, se o aborto é inevitável legalizado ou não, ao menos sendo feito por vias legais poupará a vida da mulher e antes ela será acompanhada por uma equipe interdisciplinar de profissionais assistente social e psicólogo e outros que poderão apresentar outro caminho respeitando, contudo a sua liberdade de decisão. Enquanto não separarmos a moral do direito, não viveremos uma sociedade de respeito.

Enviado por Lúcia Goulart via Guest Post para o Portal Geledés

Sou contra o aborto, mas sou a favor da vida da mulher

Sabemos que em nossa sociedade uma mulher com recursos financeiros quiser fazer um aborto ela fará, irá a uma clínica com médicos conceituados, pagará pela consulta, pelo aborto, ficará de repouso na clínica e somente terá alta médica depois que estiver bem.

Enquanto não separarmos a moral do direito, não viveremos uma sociedade de respeito. Sabemos que em nossa sociedade uma mulher com recursos financeiros quiser fazer um aborto ela fará, irá a uma clínica com médicos conceituados, pagará pela consulta, pelo aborto, ficará de repouso na clínica e somente terá alta médica depois que estiver bem.

Ela não será denunciada e muito menos seu médico, e o procedimento feito em clínicas particulares não passarão de um atendimento normal, corriqueiro. Mas e a mulher que não possui recursos? Ela irá procurar um “aborteiro” clandestino de “fundo de quintal”, pagará também, mas bem menos  ue uma clínica particular, e somente Deus saberá se ela vai sair com vida desse lugar.

E se sobreviver terá complicações como muitas já tiveram, irão parar em um hospital Público, e será denunciada, caso não morra. Lembrando que essas clínicas clandestinas não respeitam o tempo em que se permite abortar sem causar sofrimento ao feto, isso é dentro das doze semanas de gestação, pois ainda não foi formado o sistema nervoso.

Passado esse tempo o feto com o sistema nervoso formado sofrerá com o procedimento, e o pior muito dessas clinicas submetem mulheres ao o procedimento quando se encontram até no sétimo mês de gestação. Isso não é mais aborto é infanticídio. Precisamos ter um debate sério sobre esse assunto, sem moralismo religioso.

Pois se os conservadores se importassem com a vida estariam preocupados com as mulheres que poderão vir a morrer enquanto o aborto é criminalizado. Foi aprovado no dia 21 de outubro de 2015 CCJ o PL 5069/2013.

No dia 21 de outubro de 2015, Acrescenta o art. 127-A ao Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal. Com autoria do Deputado Federal Eduardo Cunha e o relator Deputado federal Evandro Gucci. Aprovando o PL aprovação do PL nº 5.069, de 2013, nos termos do  Substitutivo que oferecemos. Essa lei modifica o atendimento prestados as mulheres vítimas de estupro.

Dificulta o aborto em caso de estupro vitimizando à mulher duas vezes, o direito ao aborto deve ser uma escolha da mulher e não do Estado. Ainda causará problemas para as mulheres que tiveram aborto espontâneo, uma vez que deverá ser notificado com Boletim de Ocorrência.

Para a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), a proposta piora uma conquista das mulheres, que é o atendimento humanitário em serviço de saúde. “A decisão sobre se ela quer ou não ir à delegacia deve ser da mulher, mas depois de ter seu corpo vilipendiado, nenhuma mulher pode ser obrigada a fazer um exame de corpo de delito”, declarou.

Sem contar as pesquisas feitas que o aborto é um caso de saúde pública. E os defensores da vida querem defender qual vida, a do feto que não tem uma história, uma sociabilidade? E a vida da mulher, que não sabemos as causa que a levará a fazer um aborto.

Sem contar as pesquisas feitas que o aborto é um caso de saúde pública. E os defensores da vida querem defender qual vida, a do feto que não tem uma história, uma sociabilidade? E a vida da mulher, que não sabemos as causa que a levará a fazer um aborto.

Ao invés de aprovarem essa lei que puni a mulher, deveriam legalizar o aborto, capacitar a Rede de Proteção Integral mantendo uma equipe interdisciplinar que atendesse a mulher, discutisse outras possibilidades, contudo respeitando a vontade final da dela.

Já no contexto de sociedades capitalistas modernas e desenvolvidas, onde o feminismo com a proposta de alargar os horizontes democráticos, incorporando as mulheres ao ideário da igualdade, o direito ao aborto é conquistado com o reconhecimento do direito à autonomia individual e como contestação ao poder do Estado em legislar sobre questões da intimidade do indivíduo. Ele se constitui na expressão mais radical da liberdade do cidadão perante o Estado. (BARSTED, 1991. P 104).

Uma pesquisa mostra que no Uruguai depois que descriminalizaram o aborto, a prática caiu, o Uruguai realiza por mês entre 300 e 400 abortos legais desde a promulgação, em outubro do ano passado, da lei que descriminalizou a prática até a 12ª semana de gestação. Antes da aprovação da lei, o Uruguai registrava mais de 30 mil abortos por ano.

O problema real está na falta de debate, na imposição de uma sociedade supostamente conservadora de uma moralidade, que defende a vida deixando vidas a mercê da morte por exclusão, por um capricho moral que não se baseiam em pesquisas, dados e fatos.

Ainda vivemos em uma sociedade machista, onde mulheres aprenderam a serem machistas também. Para essa “ala de conservadores e cumpridores da “moral” e bons costumes”, a vida da mulher que tem seus filhos, sua família, e por motivos diversos peculiares a cada uma, ela não pode ter mais esse, não quer ter esse filho, a vida dela não tem valor. Para muitos se essa mulher vier a morrer, pagou pelo crime que cometeu.

Referencias

BARSTED. Leila de Andrade Linhares. Legalização e Descriminalização: 10 anos de lutas feministas. Texto apresentado no Seminário Nacional Realidade do Aborto no Brasil, organizado pelos Grupos: Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, —ECOS Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana—GELEDÉS Instituto da Mulher Negra, São Paulo, 1991.

http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-10-21/comissao-da-camara-aprova-projeto-que-dificulta-aborto-a-vitimas-de-estupro.html acesso30/10/2015

http://noticias.terra.com.br/mundo/america-latina/uruguai-governo-diz-que-numero-de-abortos-diminuiu-apos-descriminalizacao,ef6beaf4539ad310VgnVCM10000098cceb0aRCRD.html

acesso em 30/10/2015

 

Sobre Autora 

Assistente Social, especialista em Gestão de Políticas Públicas e Atendimento às Famílias, luciaagoulart@hotmail.com

 

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