Uma das grandes intelectuais do Brasil, Sueli Carneiro faz um perfil biográfico de sua amiga Lélia Gonzalez, referência do pensamento negro e feminista que morreu em 1994, em um livro pouco conhecido que agora ganha projeção nacional graças à editora Zahar.
“Lélia Gonzalez: Um Retrato”, que sairá em novembro, é a adaptação de uma obra de alcance limitado publicada há dez anos pela Fundação Banco do Brasil com a Rede de Desenvolvimento Humano.
No livro, Carneiro conta como foi a criação de Gonzalez por uma família numerosa de trabalhadores de Belo Horizonte e como a futura escritora conseguiu subsidiar seus estudos no Rio de Janeiro graças a um irmão que despontou como jogador do Flamengo.
A partir daí, a jovem se transformaria numa das mais importantes pensadoras do país ao se articular com movimentos sociais, se envolver com partidos políticos e viajar por países da diáspora negra, como narra o perfil escrito pela colega de militância.
A edição de 128 páginas difere bastante da que já foi publicada, com troca de parte da fortuna crítica por um epílogo com depoimento inédito de Carneiro sobre Gonzalez e uma nova seleção de fotos raras, como esta acima, que mostra a autora de “Por um Feminismo Afro-Latino-Americano” na juventude.
Há ainda a reprodução integral de uma carta da Lélia de 18 anos, saída dos arquivos da família, que já revelava seu espírito combativo ao explicar para o irmão por que desistiu de estudar medicina em prol da filosofia.