Fonte: G1 –
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) – Dos quase 25 milhões de brasileiros com mais de 15 anos de idade que eram fumantes no ano passado, a grande maioria era negra, de baixa renda e baixa escolaridade, mostrou um estudo inédito do IBGE divulgado nesta sexta-feira.
“O perfil do fumante é bem claro. As classes baixas fumam mais e, consequentemente, quanto menor a escolaridade maior é a incidência do tabaco. A cor da população também influencia”, disse à Reuters Cimar Pereira Azeredo, coordenador da pesquisa.
O estudo mostrou que 17,2 por cento da população com idade superior a 15 anos consumia derivados de tabaco no ano passado, ou o equivalente a 24,6 milhões de pessoas.
Os homens fumam mais que as mulheres, de acordo com o levantamento. Enquanto a incidêcia entre os homens é de 21,6 por cento, entre as mulheres é de 13,1 por cento.
Apesar de mais da metade dos fumantes ter como renda um salário mínimo por mês, o gasto médio com cigarro no ano passado das pessoas que fumam foi de 78,43 reais mensais. Na região Sul, esse gasto se aproximava dos 100 reais, segundo o IBGE.
O estudo apontou ainda que a escolaridade é um dos fatores que influência na idade em que a pessoa começa a fumar. Entre as pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo, a proporção dos que começaram a fumar antes dos 15 anos de idade chega a 40,8 por cento.
“Fumar no Brasil é um ato cultural”, afirmou o economista.
Os ex-fumantes somavam, no ano passado, 26 milhões de pessoas, ou 18,2 por cento da população de 15 anos ou mais e 22 por cento dos não fumantes.
As regiões Sul e Nordeste concentravam os maiores percentuais de fumantes. “O Sul é a principal região produtora do país e há o hábito de se fumar. A incidência do tabagismo é maior no meio rural”, disse o coordenador do levantamento.
“No Nordeste, há uma concentração grande de negros, pobres e de pessoas de menor escolaridade. Esse é o perfil do fumante no Brasil”, acrescentou.
O Acre tinha o maior percentual de fumantes de tabaco (22,1 por cento) e Sergipe, o menor (13,1 por cento).
Apenas 12,2 por cento dos fumantes declararam consumir tabaco ocasionalmente, o restante fumava diariamente, de acordo com o estudo.
As pessoas com idade entre 45 e 64 anos são as que fumam mais, porém, é na juventude que acontece o primeiro contato com o cigarro.
“O acesso acontece principalmente antes de se atingir a maioridade. É preciso se pensar em políticas públicas para isso”, disse Azeredo.
A grande maioria dos fumantes (93 por cento) afirmava saber que o cigarro pode causar doenças graves, e um pouco mais da metade deles (52,1 por cento) disse que pensava ou planejava parar de fumar.
“As pessoas sabem dos malefícios do tabaco como câncer, AVCs (acidentes vasculares cerebrais) e outros transtornos, mas não conseguem parar”, disse o pesquisador.