General Mourão e o racismo de denegação
Em entrevista concedida no último dia 20 de novembro, o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, afirmou categoricamente “e com toda a tranquilidade” que não existe racismo no Brasil. Para comprovar o seu argumento, o militar recorreu à corriqueira comparação com os Estados Unidos, onde morou por 2 anos, durante o final da década de 60. Segundo ele, na escola que frequentava, “o pessoal de cor” andava separado. Ele também declarou ter ficado impressionado ao constatar que as pessoas negras eram obrigadas a ocupar os assentos traseiros dos ônibus. A declaração despertou curiosidade: como o general terá sido racialmente classificado na sociedade estadunidense? Teria sido ele destinatário da hostilidade racial que descreveu? Como tal experiência impactou na sua auto-identificação racial e na sua leitura a respeito da pertinência da luta antirracista na diáspora? Na sociedade estadunidense vige a regra da hipodescendência, segundo a qual uma pessoa que tenha “uma gota ...
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