Como elementos de cultura pop, humor e design de personagens semelhantes à dos quadrinhos, o filme explora como a sociedade tem dificuldades em lidar com as diferenças – sejam elas atribuídas aos mutantes ou não – e como essa dificuldade dá início a uma busca exaustiva de aceitação pelos personagens, de modo que alguns até mesmo abram mão de quem realmente são a fim de se encaixar no que é esperado.
E, dentro do enredo, temos a grata possibilidade de ver a personagem April O’Neil representada como uma mulher preta, longe de padrões caricatos anteriormente atribuídos, que descaracterizavam a personagem a ponto de esquecermos sua idade: uma adolescente, que sonha em escrever uma matéria importante e dessa forma fugir do bulliyng.
Considerando o efeito das viralizações e das redes sociais entre os jovens, o filme mostra ainda o quanto um recorte pode fazer a diferença: seja para trazer problemas para a personagem, seja para apontar as soluções no fim.
Vale destacar que April não aparece como mera coadjuvante ou como um Deus ex-machina bem colocado para fechar o roteiro: ela está presente de forma humanizada, com camadas bem definidas e atitudes que levam o espectador a torcer por ela, que criam uma proximidade entre quem assiste e o que está sendo mostrado em tela. April não deixa de ter defeitos do mais absoluto nada, nem mesmo soluciona com mágica: ela utiliza sua ferramentas de investigação e curiosidade para tal, e quando é colocada mais uma vez em notoriedade, se mostra vulnerável porém ainda cumprindo com o papel jornalístico que atribuiu a si: mostra a verdade como ela é.
Mais do que um afago à nossas lembranças de infância, Tartarugas Ninja – Caos Mutante também abre caminhos para que as novas gerações se apeguem ao quarteto mais amado de répteis mutantes apaixonados por pizza. E, certamente, tanto as novas gerações quanto as anteriores estão ansiosas por ver mais após o que foi mostrado nesse filme.
