Técnico da Bulgária segue dirigente e pede demissão após polêmica por racismo de torcedores

Krasimir Balakov deixa cargo junto a diretores, um dia depois de presidente da federação renunciar. Declarações amenizando gritos em jogo contra Inglaterra repercutiram mal

No GE

Krasimir Balakov deixa o comando da Bulgária — Foto: Reuters

A crise que estourou na Federação Búlgara de Futebol, após manifestações racistas de torcedores em jogo contra a Inglaterra, ganhou mais um capítulo importante. O treinador da seleção do país, Krasimir Balakov, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira, dias depois de o presidente da entidade renunciar ao cargo. Outros diretores também teriam decidido abrir mão de seus postos, segundo a “Sky Sports”.

A saída de Balakov do comando do time ocorre dias depois de uma derrota por 6 a 0 para a Inglaterra, em jogo que ficou marcado pelas manifestações preconceituosas de torcedores no Estádio Vasil Levski, na capital Sofia. Após a partida, o treinador deu declarações amenizando os gritos dos fãs, dizendo não ter ouvido as manifestações, gerando grande polêmica.

– Eu estava concentrado no jogo. Eu realmente não ouvi nada, e apenas falei com a imprensa inglesa descendo as escadas, dizendo a eles que, se isso fosse provado, seria uma vergonha e teríamos que nos desculpar. Mas, novamente, isso precisa ser provado – disse o treinador na ocasião.

Torcida búlgara fazendo saudação nazista durante jogo contra a Inglaterra — Foto: Catherine Ivill/Getty Images

Diante da má repercussão, Balakov precisou emitir um comunicado oficial pedindo “sinceras desculpas” à seleção inglesa e aos jogadores ofendidos. O próprio técnico teria pedido demissão nesta sexta-feira, junto a outros diretores, em solidariedade ao presidente da federação, Borislav Mihaylov, que havia deixado o cargo na última terça.

As manifestações racistas de torcedores no jogo da última segunda-feira se tornaram motivo de declarações oficiais do primeiro ministro da Bulgária, Boyko Borissov, que pediu a renúncia do presidente da federação. Ainda na terça, Mihaylov apresentou sua carta de demissão, que, inicialmente, não foi aceita pelo vice-presidente, temendo sanções por interferência política – algo que a Fifa combate duramente no futebol.

Nesta sexta, entretanto, o presidente bateu o pé e alegou que sua decisão “não tem nada a ver com o pedido do primeiro ministro”.

– Minha paciência acabou. Fizemos o que tínhamos que fazer para manter a segurança durante o jogo contra a Inglaterra. A Bulgária não é um país racista – disse Mihaylov, citado pela “Sky Sports”.

Em meio à crise política, a Bulgária ocupa a última posição do Grupo A das Eliminatórias para a Eurocopa, com apenas três pontos em sete partidas disputadas. Até o momento, a seleção búlgara não conseguiu nenhuma vitória no torneio. A primeira colocada do grupo é a Inglaterra, com 15 pontos.

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