Testemunhas começam a ser ouvidas em inquérito que investiga denúncia de racismo em jogos jurídicos no RJ

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Petrópolis emitiu nota oficial repudiando ato e pedindo a punição dos responsáveis.

Por Aline Rickly, G1

Vítima de injúria racial em jogos jurídicos em Petrópolis, RJ, prestou depoimento sobre o caso na terça-feira (5) na 105ª DP (Foto: Maicon Nascimento/Arquivo Pessoal)

As testemunhas começaram a ser ouvidas na tarde desta quarta-feira (6) em inquérito que investiga denúncia de racismo no Jogos Jurídicos Estaduais em Petrópolis, na Região Serrana do Rio. Ainda nesta quarta, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Petrópolis emitiu nota oficial repudiando o ato e pedindo a punição dos responsáveis. A reitoria da PUC-Rio também expressou, em nota, seu desconforto com a situação.

De acordo com o delegado, Claudio Batista Teixeira, as primeiras testemunhas foram ouvidas nesta quarta-feira na 105ª delegacia. O inquérito foi aberto nesta terça (5) , quando a vítima também registrou a ocorrência. O delegado afirmou que está sendo investigado o crime de injúria qualificada, pela utilização de elementos referentes a cor.

O estudante da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), Maicon Nascimento, de 26 anos, foi atingido por uma casca de banana no sábado (2) ao sair do campo de futebol e após a equipe dele vencer o jogo contra a PUC-Rio.

Ao G1 o estudante disse: “Não quero ser vítima, mas atos racistas não passarão despercebidos”. Ele afirma também que não identificou a agressora, mas sabe que ela estava na torcida da PUC. Apesar disso, ele diz que tem muitos amigos que estudam na universidade e que esta pessoa não representa a instituição.

A Liga Jurídica Estadual do Rio de Janeiro puniu a Atlética de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Puc-Rio) depois desta e outras duas denúncias de racismo envolvendo alunos da faculdade de direito durante os Jogos Jurídicos.

O caso gerou repercussão nas redes sociais. Universidades fundadoras da Liga, responsável pelos Jogos Jurídicos Estaduais do Rio de Janeiro, publicaram uma nota da organização de repúdio aos casos de racismo e enumerando as punições aplicadas à PUC do Rio.

“Não tergiversamos em combater qualquer forma de manifestação de racismo por meio de punições disciplinares e preservaremos o esforço de contínua melhoria das políticas de promoção da diversidade e da igualdade racial em nossa Universidade”, diz comunicado da universidade.

OAB repudia atos de racismo
Nesta quarta-feira (6), a OAB-Petrópolis emitiu uma nota de repúdio dizendo: “…situações graves como esta não devem se repetir, sendo necessária a exemplar punição dos autores. Nossa solidariedade aos que foram atingidos por tal fato, e confiamos que as autoridades busquem o desfecho que assegure o cumprimento da lei e a punição dos responsáveis”.

OAB de Petrópolis emitiu uma nota de repúdio contra o ato de racismo registrado durante os jogos jurídicos (Foto: OAB Petrópolis – Divulgação)

Indignação
O ato causou indignação de integrantes do Movimento Petrópolis na Luta Contra o Racismo. O grupo também emitiu uma nota dizendo que repudia veementemente os atos racistas ocorridos durante os Jogos Jurídicos na cidade.

“Tal crime deixou negros, negras, brancas e brancos que lutam por direitos iguais, indignados porque pessoas preconceituosas continuam se manifestando livremente por desconhecerem os próprios valores e, consequentemente, o da outra pessoa. Ao humilhar alguém, externam o que enxergam em si e não na (o) outra(o). Porém ao exteriorizar, cometem um crime.

Por causa dessas pessoas que não se reconhecem e exteriorizam a própria desvalorização através de um crime, escrevemos essa nota de repúdio com a certeza de que os criminosos sejam identificados e respondam na justiça.

Queremos deixar claro que as pessoas vítimas desses racistas têm o nosso apoio e precisam ter o seu apoio também.

Por isso, destacamos a importância e o dever de Órgãos Públicos, ONGs, Poder Público – Executivo, Legislativo e Judiciário, Conselhos Regionais de Classes, Sindicatos, Associações, Instituições de Ensino – Universidades, empresários e cidadãos de se manifestarem em redes sociais, reuniões, entrevistas e notas aos meios de comunicação, sem omissão, para o que ocorreu no domingo e o que ocorre de diversas formas no Município fiquem sem espaço de manifestação.

Reconhecemos que quando nos omitimos diante de um crime nos tornamos cúmplices. Então que sejamos um EXEMPLO de cidade que repudia a Discriminação Étnica. Juntos vamos lutar contra o racismo! Sim aos direitos iguais!”

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