Tomorrowland 2015: DJ Marky critica monopólio de gêneros musicais no Brasil

“Você vai sair em São Paulo hoje, em um sábado à noite, e não tem um clube que toque drum’n bass, hip-hop bacana, reggae, soul e isso a gente tinha tudo antes”. A queixa é de um enorme entendido no assunto, o DJ Marky, paulistano de nascimento e cidadão do mundo graças ao sucesso conquistado internacionalmente.

Marky está no Brasil para se apresentar no conceituado Tomorrowland, inédito no país, mas não para ele, que já foi atração do megafestival em seis oportunidades, no exterior. Antes de tocar nesta sexta-feira, 1°, na estrutura montada em Itu, interior de São Paulo, o artista conversou com aRolling Stone Brasil e criticou a cena musical da terra natal.

“É legal estar no mainstream, mas acho muito perigoso. A queda é brusca. Tem muita gente achando que é superstar, só que no Brasil as coisas mudam muito rápido. Tem uma superoverdose de um estilo musical e quando isso morre, todo mundo vai migrar para o sertanejo, para o pagode, para outro no estilo”, afirma.

Marky se refere, especialmente, ao atual fenômeno da EDM (eletronic dance music), sentido por aqui no início deste ano, no Lollapalooza. Durante a festa, DJ Skrillex e Calvin Harris, representantes do EDM, estiveram entre as atrações mais comentadas pelo público.

“Quando consegui descobrir breakbeat hardcore e jungle, que no final das contas virou drum’n bass, as pessoas tinham um tipo de preconceito porque achavam barulhento. E hoje eu vejo que EDM é 30 vezes mais barulhento. É engraçado. Não acho que é um fenômeno incrível porque não é uma música que me agrada. Para mim não tem nenhuma novidade isso. É um estilo de música completamente feito por marketing. Muitos dos artistas nem fazem as músicas, eles utilizam ghost producers. Não é minha praia, mas tem espaço para todo mundo”.

“O problema é que muita gente tira o Brasil como exemplo de tudo e não é assim. Jazz não está no mainstream como estava em 1950 ou 1960, mas só por isso o jazz morreu? Eu toco drum’n bass nos melhores festivais do mundo, minha agenda fora é uma loucura. O problema do Brasil é que o país é muito levado pelo estilo do momento. É deep house, aí vem a próxima coisa etc. E quando o estilo fica estável, morre”, comenta o DJ, que começou a ganhar notoriedade fazendo som na Inglaterra, na década de 1990.

Marky acredita que festivais como o Tomorrowland podem ajudar a democratizar a cena musical nacional. “Está faltando isso, festival para todo mundo, todos os estilos de música. Esse é o sucesso do Tomorrowland na Bélgica (país de origem da festa)”.

Leia Também:

O machismo e o preconceito cultural mataram Amanda Bueno

+ sobre o tema

Quilombo “Dos Silva” Titulado no Sul

Fonte: Lista Racial-     Na Quinta feira, dia...

Virada da Consciência Negra de SP reúne mais de 300 atrações; veja programação

A partir do próximo sábado (19), São Paulo será...

África joga últimas cartas do clima em Barcelona

Fonte: Envolverde - A caravana mundial de discussões sobre mudança...

para lembrar

Em autobiografia, Martinho da Vila relata histórias de vida e de música

"Martinho da Vila" é o título do livro autobiográfico...

Jornada em Defesa do Direito à História da Gente Negra

A luta pela liberdade acompanhou toda a vigência da...
spot_imgspot_img

Milton Nascimento recebe título de Doutor Honoris Causa pela Unicamp

O cantor Milton Nascimento recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A honraria foi concedida em novembro de 2024. A entrega aconteceu na casa do artista,...

Paraense Brisas Project acaba de lançar seu EP PERDOA

Está no mundo o primeiro EP de Brisas Project. PERDOA é uma obra em quatro faixas que explora uma sonoridade orientada ao Pop Rock, Lo-fi e...

Quem são os ex-escravizados que deixaram o Brasil em direção à África no século 19

Em seu mais recente livro, o pesquisador Carlos Fonseca conta a trajetória dos retornados, escravizados libertos e seus descendentes que deixaram o Brasil e retornaram...
-+=