Não faz muito tempo que foi instituído no Brasil que deve-se substituir a palavra ‘negro’ por ‘afrodescendente’, com a justificava de remeter não só à cor da pele, mas às referências históricas e culturais de origem africana. O vocábulo ainda não está na boca do povo, mas Toni Garrido faz questão de utilizar. O cantor diz que fala dessa forma porque é muito melhor do que dizer outros verbetes, que julga pejorativos.
“Uso afrodescendente porque é uma palavra mais legal do que negão, crioulo, neguinho. Para evitar qualquer palavra mais agressiva ou divertida – que muitas vezes não sabemos diferenciar uma da outra – eu falo assim. Tem tanta coisa no meio do caminho que talvez não seja legal… Afrodescendente não agride ninguém e é bonito”, explica e afirma que usa esta palavra para generalizar de uma forma positiva.
De 1994 a 2008, Toni Garrido se dedicou a ser vocalista do Cidade Negra, mas resolveu dar um tempo para seguir com uma carreira solo. Depois, em 2011, ele voltou a dividir os palcos com o grupo que o tornou conhecido no Brasil inteiro. E para começar 2012 com o pé direito, em dezembro, a banda está lançando um novo disco que será trabalhado no próximo ano.
“Agora estou muito mais dedicado ao Cidade Negra, desde que voltei, e é uma banda que exige cuidado, dedicação… O novo disco, Hey, Afro!, é um chamado para todos que gostam da cultura afrodescendente. A gente já está em turnê, mas do álbum começa a partir de quando o trabalho estiver pronto e exposto, que é no final do ano”.
Ele também tem uma carreira bem alicerçada como ator: já esteve em quatro filmes, duas novelas – ambas na Record – e apresentou um programa na Globo (Fama). Este outro lado artístico, por enquanto, ele prefere deixar quietinho para não acumular trabalhos.
“Não dá para ter nenhum tipo de compromisso com outra coisa porque acho que não rola. O Cidade me exige muito, todo dia, e agora tem lançamento de álbum e vou pensar em outra coisa só para o ano que vem”.
Romântico
Um dos maiores trabalhos realizados por Toni foi protagonizar o romance Orfeu, escrito pelo poeta Vinícius de Moraes, que tiveram algumas cenas gravadas durante um desfile da Escola de Samba Viradouro, no Rio de Janeiro. Além disso, ele também canta músicas românticas que já embalaram vários casais das décadas 1990 e 2000. Mas, na vida real, o cantor prefere esconder este seu lado ‘lírico’ para mostrar apenas a uma pessoa escolhida.
“Sou romântico até a página três. Quando eu sinto que está aparecendo demais, eu escondo. Tenho estes pudores. Romantismo é maravilhoso, mas é muito íntimo e tem de ser fechado. Dá para ser carinhoso, que é uma característica que acho interessante e importante com as pessoas que gosto. Romantismo só quem vê é quem está do meu lado senão fica popular demais”.