Uma carta de amor para as minhas amigas negras

@DAZZLE_JAM

Existem muitas pessoas bonitas no mundo , a beleza de outra mulher, não deve anular a sua beleza , poderia falar muitos motivos aqui aos quais nós mulheres negras fomos expostas , para cairmos sempre nessa eterna contradição da comparação , seja ela com as mulheres brancas , que são o padrão de beleza mais aceito socialmente , ou entre nós , mulheres pretas que por estratégias racistas nunca nos sentimos suficientes e assim caímos no abismo de nos comparar com nossas irmãs , quando alcançamos o pouco de amor e afeto que nos é oferecido , o pouco de visibilidade que / quando conseguimos alcançar , caímos mais uma vez no maldito mal da comparação.

Por Juliana Lopes, do Medium

@DAZZLE_JAM

Irmãs , esse é um plano muito bem projetado , que a gente odeie aqueles que são parecidos conosco , que nos matemos entre nós . Mas esse é um plano branco , colonizador de nossos pensamentos , e não estou aqui falando para ser hipócrita e dizer que amanhã uma vez que queiramos não iremos mais nos ferir , nos comparar , nos sentir inferiores ao ver outra de nos bonita , mas quero dizer que tenho fé que depois e depois de amanhã , que hoje mais do que ontem , nos fortaleceremos na energia do amor ,aonde as nossas belezas somarão .

Cairemos algumas vezes e voltaremos aos padrões repetitivos do passado , nos sentiremos diminuídas , nem todos os dias teremos auto estima para reconhecer a nossa beleza única , pois cada uma de nos é bela e especial da sua forma . Eu sei que a vida toda brigamos pelo pouco , pelo pouco de afeto, no fundo todas tão feridas , não sei se nessa guerra podemos falar a palavra vitória , sempre envolvidas em relacionamentos tão complicados , quase sempre muito menos do que merecíamos , muitas vezes sem ninguém.

Mais uma vez , não é o fim , é só o recomeço , ao ter consciência de todos esses processos dolorosos , estamos mudando , estamos deixando o amor adentrar as nossas vidas , principalmente entre nós . Não quero romantizar as relações , mas quero que hoje nos prometamos nos perdoar , perdoar a nós mesmas e as nossas . Não é fácil , não será amanhã . Mas será , aos poucos , com paciência , com a certeza de que estamos ressignificando o amor .

A todas as mulheres negras que um dia eu me senti diminuída por a sua beleza , eu te amo , sinto muito, me perdoe , eu sou grata por poder aprender com você aqui nessa vida , nesse mundo tão difícil . As mulheres negras que me ensinaram e me ensinam sobre o amor e o amadurecimento diariamente . As que me ensinaram que podemos brilhar muito mais juntas, as que assim como eu superamos o sentimento de comparação quando estamos juntas , mesmo que ainda assim eles venham em nossas mentes como padrões repetitivos , eu sinto em meu coração diariamente o amor que escolhemos nutrir entre nós e escolhemos ele todos os dias , toda a gratidão do meu coração .

Estamos mudando nossas crenças mais limitantes e aprendendo a amar , juntas , nossa beleza sustenta mutuamente uma a outra , nos erguemos nos dias em que não conseguimos enxerga-la, temos empatia umas com as outras , e quanto estamos radiantes a nossa luz ofusca a dor do racismo e da lugar para o amor . As mulheres brancas, nos respeitem e sejam humildes ao reconhecer seus privilégios , seus cabelos lisos não nos ofuscam mais , descobrimos que essencialmente somos belas assim como o seu padrão de beleza sempre foi representado , reconheçam isso e participem do nosso amor ou fogo nos racistas .

Asé, que Oxum abençoe cada uma dessas palavras e mais uma vezes as minhas amigas negras : Gratidão,por todas as vezes que compartilharam as suas fraquezas comigo, e eu pude me colocar em seu lugar e entender o quanto a baixa auto estima não passa de um grande padrão repetitivo , causado pelo impacto do racismo psicológico , eu tive essa certeza todas as vezes que as vi perfeitas em minha frente , não conseguindo enxergar isso .

Obrigada pelo colo e amor quando por vezes eu também estive na mesma situação.

Juntas somos incrivelmente fortes e potentes.

Eu amo vocês

Juliana Lopes, 31–08–2019

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