Unicef: ‘Educação regrediu ao patamar de 20 anos atrás durante a pandemia’

Estatuto da Criança e do Adolescente se torna ainda mais fundamental neste período, pois torna possível monitorar a garantia dos direitos dessa população

FONTEPor Fernanda Pinotti e Juliana Alves, da CNN
Estudantes de máscara acompanham aula em escola da Zona Leste de São Paulo (Foto: Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo - 15 jun. 2021)

No dia que o Estatuto da Criança e do Adolescente completa 31 anos, não há muitos motivos para comemorar. Segundo o UNICEF, órgão da ONU responsável por promover os direitos das crianças, a pandemia acentuou os desafios que já existiam e fez retroceder as conquistas em alguns setores, como na educação. A chefe de políticas sociais do UNICEF no Brasil, Liliana Chopitea, se refere às crianças como “vítimas ocultas” da Covid-19.  

Escolas fechadas há quase um e ano meio podem causar impactos irreversíveis, de acordo com ela. Segundo dados do órgão, antes da pandemia aproximadamente 1,7 milhões de crianças e adolescentes estavam fora da escola, número que representava um cenário de melhora.

A pesquisa mais recente mostra que agora temos quase 5 milhões de jovens em idade escolar que deixaram de ter aula por alguma razão, muitas vezes por não possuir acesso à internet. “Você imagina os impactos disso, não só no presente, como para o futuro da criança”, diz Liliana.

Liliana defende que ações para recuperar os danos desse período devem ser tomadas o mais rápido possível, para impedir que os retrocessos sejam ainda maiores. “A reabertura segura das escolas é a mais importante”, de acordo com Ela. Junto a isso, medidas que avaliem quais crianças foram mais prejudicadas pelo ensino remoto e assegurem que elas tenham um acompanhamento maior e mais direto. “É muito particular com cada criança, algumas podem recuperar o tempo perdido, mas outras podem nunca voltar ao que era antes.”  

Não é só a educação que foi afetada por tanto tempo de escolas fechadas. Pesquisas do UNICEF também apontam impactos grandes na nutrição e na saúde mental de crianças e adolescentes. Dentre a população que mora com menores de idade, 13% declaram que as crianças e adolescentes deixaram de comer em algum momento por falta de dinheiro para comprar alimentos. “Muitas crianças dependem da merenda escolar, principalmente em famílias com renda de até um salário mínimo”, diz Liliana.

Os jovens também ficaram muito tempo sem ver seus colegas e sem participar de atividades sociais, o impacto na saúde mental dessa faixa etária também foi observado pelo órgão. De acordo com Liliana, “é importante aplicar políticas específicas para apoiá-los, fortalecer os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)”.

Liliana reforça que a data de criação do Estatuto da Criança e do Adolescente serve para nos lembrar “a importância de consolidar os avanços e atuar rapidamente para diminuir os retrocessos.”

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