Vanessa da Mata se firma como referência para nova geração

Noite de sábado passado, Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. Sentada no centro do palco estava Dona Ivone Lara, 87, primeira mulher da história a compor um samba-enredo. Ajoelhadas em volta, as novinhas Mariana Aydar, 29, e Mallu Magalhães, 17, faziam coro, chorando.

Vanessa da Mata, 34, também chorava. Ela representava ali o elo entre as três, naquele primeiro dos seis shows que faz neste e no próximo mês por cidades brasileiras, sempre como anfitriã de colegas da nova e da velha guarda.

Cheio de outros símbolos importantes (as conquistas da precursora Dona Ivone refletidas na novata Mallu, a consagração de uma linguagem feminina de composição etc.), a apresentação aponta que, agora não há mais dúvida, Vanessa da Mata alcançou nova estatura entre as artistas brasileiras.

Tornou-se o símbolo do artista que reúne o melhor de dois mundos: aquele capaz de produzir hits com potencial radiofônico similar aos de Ivete Sangalo e, ao mesmo tempo, gozar de prestígio artístico. Uma espécie de Marisa Monte, só que ainda mais popular.

Os olhos das gravadoras brilharam e Vanessa se tornou uma espécie de “formulário” para executivos aplicarem nas novas cantoras.

Esse novo patamar, é bem verdade, foi conquistado em grande parte graças aos números que a música dela atingiu, especialmente em “Essa Boneca Tem Manual” (2004) e “Sim” (2007), os dois últimos álbuns de estúdio.

O clique comercial se deu justamente entre os dois discos, em 2006, quando um remix da canção “Ai Ai Ai”, de “Essa Boneca…”, estourou nas rádios, virou tema de novela e alcançou o primeiro lugar entre as mais tocadas do ano.

O feito seria repetido –com ecos internacionais– em 2008, graças a balada “Boa Sorte/ Good Luck”, de “Sim”, composta e cantada em dueto com o americano Ben Harper.

Nascida em Alto Garças, no Mato Grosso, Vanessa se mudou para São Paulo ainda na adolescência e despontou como compositora em 1999, quando Maria Bethânia gravou “A Força que Nunca Seca”.

O estouro popular demorou sete anos para chegar. Bethânia, em entrevista recente à Folha, comentou a fase atual da “afilhada”, afirmando que Vanessa “mantém o jeitinho dela”, apesar “desse bicho, dessa faca de dois gumes que é o sucesso”. E concluiu: “Mas ela está no momento do furacão. Daqui a um ano, vamos ver onde é que ela vai se assustar”.

Vanessa chegou a fazer terapia com medo do tal bicho. “Nunca achei a fama um bem aceitável”, ela diz. “É uma coisa que te tira do eixo, cria uma imagem para você e te deixa ao Deus dará. E você vira um “paradoido”, um paraquedas de gente maluca. As pessoas te julgam, te xingam e você não consegue ficar discreta no mundo.”

Tem um truque para passar despercebida: prende os cabelos e se transforma em outra. De coque, ouve as pessoas cantando suas canções, sobretudo os hits “Ai Ai Ai”, “Boa Sorte” e “Amado”, sem se darem conta de que a autora as observa.

“Faço pouca TV e minha vida não costuma render em coluna de fofoca. Então, minha imagem não foi tão assimilada. As canções fazem sucesso, mas eu, pessoalmente, tenho pouco a ver com isso”, diz. “Ainda consigo assistir anonimamente minha música acontecendo. E isso me dá um norte.”

O show na Concha Acústica abriu a última fase da turnê de “Sim” –que rendeu, no ano passado, o primeiro DVD de Vanessa. Outro álbum de inéditas, só em 2011. Já estão prontas muitas candidatas a estar nele, algumas compostas em parceria com Gilberto Gil.

Até lá, pretende inaugurar uma casa de shows no bairro de Pinheiros, em São Paulo, em sociedade com o músico Dominguinhos. Deve abrigar 450 pessoas sentadas ou mil em pé. A obra começa agora.

No mesmo ano, pretende colocar o ponto final no romance que está escrevendo, sua estreia na literatura. “É muito mais assustador do que música”, diz. “Vão acontecendo coisas ali que eu não manipulo. Escrevi cinco capítulos e ainda não consegui entender nem o tempo e nem o espaço em que os personagens estão. Quero só ver onde isso vai dar.”

 

 

 

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