Will Smith e o racismo estrutural

Ontem, o perfil Gina Indelicada no Instagram postou uma foto do ator Will Smith ao lado de seu filho, Jaden, na Copa do Mundo. Não demorou muito para que os internautas fizessem uma infinidade de comentários em tom de deboche a respeito da aparência do jovem. Dizendo considerá-lo magro e abatido, começaram a escrever que ele parecia “um cracudo”, “um mendigo” ou “um dos vendedores de água que trabalham na porta do estádio”.

Por Mariana Motta Do Brasil247

Foto: Instagram

A conduta de associar a imagem de um jovem negro à condição de usuário de drogas ou de alguém em situação de rua tem nome: racismo estrutural. As pessoas podem argumentar que não pensaram essas coisas por mal, mas pensaram. E pensaram porque a sociedade está acostumada a ver uma enorme quantidade de pessoas negras marginalizadas enquanto pouquíssimas delas ocupam espaços de poder. É evidente que não há problema na profissão de vendedor ambulante; o que denuncia o racismo é o fato de o negro ser sempre associado ao papel de funcionário que está ali para servir.

Quando vemos uma pessoa branca excessivamente magra, nos perguntamos se ela sofre de alguma doença, como depressão ou anorexia. Já o garoto negro é sempre visto como alguém pobre ou marginalizado. Ele pode estar no camarote mais caro do jogo mais disputado, usar roupas das grifes mais desejadas e ser filho de um dos atores mais conhecidos do mundo; dependendo de sua aparência, o inconsciente coletivo trata de invisibilizá-lo automaticamente.

Toda vez que se questiona essa conduta, há quem se doa e responda que tudo não passa de “mimimi”. Mas comentários como esses mostram que o racismo nunca esteve tão presente no Brasil. Afinal, muita gente ainda se choca ao ver o negro na cadeira premium sendo servido pelo branco.

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