Feliciano encarna um personagem cínico para continuar na comissão

Por: Walber Silva

 

 

O deputado Marco Feliciano (PSC) em mais uma tentativa de permanecer na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) encarna um personagem cínico e cara de pau. Se fazendo de vítima e posando de “bom moço” para a classe conservadora.

Alvo de protesto antes mesmo de ser presidente da comissão, o pastor-deputado ignora a voz das minorias em repúdio pela sua declaração discriminatória, em que afirma que a aids é um “câncer gay” e que os africanos foram “amaldiçoados” por Noé. Em seus cultos, brada seu moralismo vil, desrespeita artistas, religiões, o candomblé, e fala que não renunciará. Feliciano faz da comissão que é um cargo sério e de respeito, cair em descrédito.

A permanência de Marco Feliciano na CDHM é retrocesso e, também, abuso de poder. A sociedade, artistas e cantores se manifestaram contra, merecem serem ouvidos. Não é justo, não faz parte da história na luta pelos direitos humanos no Brasil. Ainda assim, o deputado mostra seu oportunismo barato eivado de preconceito e contradições a respeito dos homossexuais. Seu partido, PSC, aproveita da situação séria e já fala em lançar candidato à presidência da república em 2014. Obscurantismo à vista.

Desde que chegou à comissão, o deputado não conseguiu dar andamento aos trabalhos da casa devido aos protestos contra sua permanência. Vários parlamentares contrários à sua indicação estão incômodos com tal postura. Nessa quarta-feira (17), os deputados que compõem o bloco de oposição ao pastor, renunciaram pelo desgaste causado à comissão.

Os deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ), Domingos Dutra (PT-MA), Érika Kokay (PT-DF), Luiza Erundina (PSB-SP), Chico Alencar (PSOL-RJ) decidiram em conjunto entregar as vagas que ocupam na comissão. Porém, o esvaziamento da pasta não inviabiliza os trabalhos. O que preocupa é que dos 18 parlamentares que compõem o colegiado, 11 são da bancada evangélica.

Feliciano se diz “democrático”, mas ordenou que as reuniões fossem feitas à portas fechadas para evitar manifestantes que simplesmente lutam por direito.

Não há, entretanto, um só Feliciano no congresso contrário aos direitos das minorias estigmatizadas. Declaradamente racista e homofóbico, Jair Bolsonaro levanta o coro a favor de Feliciano. Malafaia, que na eleição de 2012 saiu das trevas e veio para São Paulo a pedido do então candidato José Serra, avisou que iria “arrebentar” com Fernando Haddad, o que não ocorreu, se junta ao deputado-pastor.

Disseminam seus ódios teológicos para representar seus rebanhos, enriquecer seus pastos. Saíram das trevas e voltarão para lá, pois o discurso fundamentalista cairá.

Os homossexuais, negros, pobres, indígenas, todos tem suas causas particulares, todos buscam espaço na sociedade e lutam por ações afirmativas e políticas públicas. Não ouví-los, é rasgar a história, é negar o futuro. E Feliciano não representa nenhuma dessas classes.

 

 

Fonte: Blog do Walber Silva

 

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