A mulher negra e o Jardim

FONTEPor Luis Antonio Mendes, enviado ao Portal Geledés 
@EZEKIXL/Nappy

Quando a mulher negra andou pelo jardim, as flores perderam o seu sentido. Suas pétalas esparramaram-se pelo chão servindo de tapete. Seus botões sem pétalas, ficaram nus. O chão coberto para que a mulher passasse, coberto de pétalas coloridas como uma aquarela. 

Uma mulher negra quando anda pelo jardim, os jardins se perdem como os jardins suspensos da Babilônia. Fazendo os beija-flores mudarem seus cursos. Fazendo com que eles se percam na Babilônia procurando uma rosa negra. Uma rosa para beijar, uma rosa negra. 

A mulher negra! 

O vento muda de direção somente para afagar o rosto da mulher. Os ventos de Yansan que vergam árvores, tornam-se brisa somente para afagar seu rosto. 

Ao perceber a presença da mulher negra, o poeta sai de seu porre.

E sóbrio o poeta perde a poesia.

 A natureza encontrou na mulher negra, a poesia perdida do poeta. O poeta se cala! Prefere sentir a presença da mulher. A natureza personificou naquela mulher a poesia, tornando o poeta desnecessário, mesmo que sóbrio. 

A mulher negra, que fez as flores perderem o sentido, trás nos olhos o brilho das estrelas de Hórus. Estrelas que também fez os olhos da deusa Sechat brilharem! 

Assim como os olhos de Oxum nos rios que banham as savanas. Savanas onde as ervas nascem. Ervas africanas! Ervas que nos levam a meditação, erva dos rastafáris. É dessas savanas que vem a mulher! 

Negra como os búfalos que atormentam os leões. Negra como a noite onde Exu gargalha.

Negra mulher que atormenta o homem. 

A mulher negra andou pelo jardim e o jardim transformou-se numa mulher negra. Os orixá s deu uma rosa negra para os jardins do mundo. O mundo ficou mais bonito.


** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

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