A semana em que 47 povos indígenas brasileiros se uniram por um manifesto antigenocídio

O cacique Raoni, ao centro, entre líderes indígenas de 47 povos, que estiveram reunidos por quatro dias no Mato Grosso para relançar a "aliança dos povos da floresta". (Foto: RICARDO MORAES / REUTERS (REUTERS))

Sob o comando do cacique Raoni, líderes indígenas de várias partes do Brasil assinaram um documento de quatro páginas em que acusam o Governo Bolsonaro de colocá-los em risco

Por HELENA BORGES, do El Pais

O cacique Raoni, ao centro, entre líderes indígenas de 47 povos, que estiveram reunidos por quatro dias no Mato Grosso para relançar a “aliança dos povos da floresta”. Foto: RICARDO MORAES / REUTERS (REUTERS)

Em um momento de pouco diálogo e muitas brigas no meio político internacional, 47 povos indígenas brasileiros se reuniram entre os dias 14 e 17 de janeiro para dar uma aula de diplomacia. O Encontro dos Povos Mebengokrê e Lideranças Indígenas do Brasil era um desejo que o cacique Raoni Metuktire nutria há três anos: um momento em que as diferentes lideranças de povos indígenas que vivem espalhados pelo território brasileiro estivessem finalmente juntos e que, em união, pudessem assinar um compromisso de defesa de seus direitos. Intitulado Manifesto do Piaraçu – das Lideranças Indígenas e Caciques do Brasil na Piaraçu, o documento de quatro páginas sintetiza as principais demandas de todos os signatários e o compromisso de esforço coletivo para construção de uma agenda política nacional e internacional em defesa da natureza.

A construção do texto final se assemelhou aos procedimentos diplomáticos para assinatura de acordos internacionais. Primeiro foram realizadas mesas de conversa por três dias. As grandes pautas abordadas foram os assassinatos de lideranças; os empreendimentos governamentais previstos para serem construídos sobre as Terras Indígenas; a atividade garimpeira e do mercado de mineração; a ação de madeireiros ilegais; a municipalização do sistema de saúde indígena, que ignora o tratamento especial dado atualmente a essas comunidades; e o desmonte da Funai.

O relatório original de trinta páginas foi então finalmente convertido por jovens indígenas formados em Direito em um documento enxuto, apresentado em português, por meio do qual eles denunciavam o “projeto político do Governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio”. “As ameaças e as falas de ódio do atual governo estão promovendo a violência contra os povos indígenas, os assassinatos de nossas lideranças e a invasão de nossas terras”, afirma o relatório. “O atual presidente da República está ameaçando os nossos direitos, a nossa saúde e o nosso território. (…) O governo atual está nos atacando, querendo tirar a terra de nossas mãos.”

 

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