Ana Maria Gonçalves e Nei Lopes participam do Encontro com Territórios em homenagem ao Dia da Consciência Negra

Os escritores são os próximos convidados do projeto da Biblioteca Estação Leitura, que promove ainda a exposição “Somos todos Kehinde”, com fotos inspiradas no livro “Um defeito de cor”

Do Sopa Cultural

Foto: Reprodução/sopa cultural

O Encontro com Territórios antecipa as comemorações do Dia da Consciência Negra – celebrado em 20 de novembro – e promove duas conversas com autores que cristalizam a força e a beleza da cultura afro-brasileira na literatura.

No dia 25 de outubro, às 19h30, a mineira Ana Maria Gonçalves fala sobre o contundente “Um defeito de cor”. O livro acompanha uma africana idosa que viaja ao Brasil em busca do filho perdido há décadas.  Lançado em 2006, o romance histórico inspirou a exposição “Somos todos Kehinde”, que faz referência à protagonista da história. Em outra iniciativa da Biblioteca Estação Leitura, o público também poderá apreciar as imagens marcantes do fotógrafo Januário Garcia.

O carioca Nei Lopes é o outro convidado especial do projeto. No dia 8 de novembro, às 19h30, ele participa do bate-papo sobre o romance “Rio Negro, 50”, que se desenvolve a partir de um assassinato com fortes conotações racistas.

Os dois encontros serão mediados pelo jornalista Claufe Rodrigues. Como é de praxe, os interessados podem concorrer aos livros gratuitamente. Para isso, é necessário retirar uma senha, que começa a ser distribuída na Estação Leitura duas semanas antes de cada evento. Após a conversa, os autores vão autografar os exemplares.

Nomes como Alberto Mussa, Edney Silvestre, Miriam Leitão e Nélida Piñon participaram de outras edições do evento.

Estação Leitura
A Biblioteca Estação Leitura funciona às segundas, terças, quintas e sextas-feiras, das 14h às 20h.  Com quatro anos de atividade, alcançou números muito significativos. No período, foram 4.302 livros catalogados, 5.231 leitores cadastrados, 26.703 empréstimos e 9.168 renovações. Biblioteca popular, a Estação Leitura entende o livro como um instrumento fomentador de pensamento crítico e acredita que, através da leitura, é possível vislumbrar novos horizontes e refletir sobre diversos assuntos que permeiam o nosso cotidiano.

“Nosso objetivo é investir em estratégias de estímulo à leitura, formando uma base extensa de leitores, além de estimular o pensamento crítico por meio destes encontros, que costumam reunir mais de cem pessoas em cada edição. Acreditamos que, ao receberem as obras, os leitores criam uma sensação de pertencimento e passam a desenvolver um vínculo afetivo com o livro e seus autores”, ressalta Cristina Oldemburg, gestora da Estação Leitura.

“Um defeito de cor”, de Ana Maria Gonçalves
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. O livro está inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e é narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens.

Velha senhora de Macuco
Nei Lopes – foto: Bruno Veiga
Januário Garcia
Ana Maria Gonçalves (Foto: Léo Pinheiro)

A autora
Em 2002, a mineira Ana Maria Gonçalves abandonou a agência de publicidade em que trabalhava em São Paulo e isolou-se na Ilha de Itaparica, na Bahia, onde passou seis meses escrevendo seu primeiro romance, “Ao lado e à margem do que sentes por mim”, marcado pelo registro intimista. O livro foi publicado de forma independente e vendido pela própria autora pela internet. Com o lançamento de “Um defeito de cor”, ela se tornou conhecida em todo o país. Após alguns anos morando em New Orleans, nos Estados Unidos, Ana Maria Gonçalves retornou ao Brasil em 2014.

“Rio Negro, 50”, de Nei Lopes
Muitas vidas se cruzam neste romance, que começa no dia 17 de julho de 1950, quando a derrota do escrete brasileiro na Copa do Mundo motiva um assassinato absurdo, de fortes conotações racistas. O crime é discutido na roda do Café e Bar Rio Negro, epicentro da vida intelectual dos “homens de cor” na Capital da República, onde desfilam fascinantes personagens. A partir desse microcosmo, os personagens fictícios se mesclam a personagens históricos reais, como Dolores Duran e Abdias Nascimento, levando o leitor a percorrer uma década decisiva da afirmação da cultura afro-brasileira no Rio de Janeiro.

O autor
Nei Lopes é carioca do Irajá. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ), além de ser compositor de música popular e escritor. Notabilizou-se como sambista, principalmente por sua parceria com Wilson Moreira. Dedicado estudioso da cultura africana, tem diversos livros e artigos sobre o assunto, com destaque para o “Dicionário da Antiguidade Africana” (2011) e a “Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana” (2011).

Januário Garcia, da exposição “Somos todos Kehinde”
Nos últimos 40 anos, o fotógrafo tem documentado afrodescendentes no Brasil e no mundo. Formado em Comunicação Visual pelo International Cameramen School. Como fotojornalista, sempre atuou livremente, com passagens por O Globo, Jornal do Brasil, O Dia, A Tribuna, Manchete, Fatos & Fotos e Revista da Unesco. Ex-presidente do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras e da Rede Brasileira de Iconografia e Documentação de Matrizes Africanas no Brasil. Atualmente, é Presidente do Instituto Januário Garcia, um centro de memória de matrizes africanas.

 

A biblioteca
A Estação Leitura é uma biblioteca popular, localizada na estação Central do MetrôRio, a mais movimentada do sistema metroviário da cidade devido à integração com  os trens da Central do Brasil. O espaço atende a um público variado, moradores do Rio de Janeiro e municípios vizinhos, como Duque de Caxias, Belford Roxo, Queimados, Nova Iguaçu e Nilópolis. A faixa etária de leitores é entre 18 e 90 anos. Há também crianças, se contarmos os pais que fazem empréstimos de livros infantis/juvenis para os filhos. São homens e mulheres com as mais diversas atividades profissionais: diaristas, publicitários, vendedores, fisioterapeutas, estudantes, professores, médicos, donas de casa, acompanhantes, operadoras de caixa e de telemarketing, entre outras.

A Estação Leitura incentiva a leitura através do acesso gratuito a livros, talk shows e atividades literárias. Tem o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, do MetrôRio e da PwC Brasil, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS, conta com apoio do Instituto Invepar e realização da Oldemburg Marketing Cultural. O atendimento é gratuito ao público e realizado às segundas, terças, quintas e sextas, das 14h às 20h com os serviços de cadastro, devolução e empréstimo de livros por até sete dias, além de distribuição gratuita das obras lançadas durante seus eventos. Dispõe de catálogo digital de todo o acervo na página oficial do projeto (Facebook –www.facebook.com/estacaoleiturametrocentral) e catálogo de consulta por título, autor e assunto/gênero, na própria biblioteca.

Gestora
Filha de uma professora e pedagoga que dirigiu duas escolas municipais do Rio de Janeiro, Escola Espírito Santo, em Cavalcanti, e Escola Municipal Levy Neves, em Tomáz Coelho, Cristina Oldemburg nasceu em Cavalcanti e cresceu em meio a ações comunitárias para o incentivo à leitura das crianças do bairro, criadas pela mãe dela. Formada em Educação Física e professora de folclore por 15 anos, formou-se como produtora cultural e criou a própria empresa de projetos. Com apoio dos governos federal, estadual e municipal, montou mais de 865 bibliotecas comunitárias em instituições públicas, principalmente no interior do Brasil, em áreas, que, sem a iniciativa, não teriam acesso à leitura. . Além de estruturar o projeto, a produtora acompanhou cada passo da execução e foi a responsável pelo treinamento do atendimento e gestão das bibliotecas. Há quatro anos, assumiu o compromisso com o MetrôRio de montar a Estação Leitura, e, por iniciativa própria, resolveu gerir a biblioteca para ter acesso ao desafio que é administrar um universo que funciona como um agente social na vida das pessoas. 

Serviço:

Encontro com Territórios recebe Ana Maria Gonçalves

Local: Biblioteca Estação Leitura – estação Central do metrô, ao lado do quiosque Empada com Arte (telefone: 2253-9641)

Dia: 25 de outubro de 2018

Horário: 19h30

Distribuição de senhas para receber o livro gratuitamente: A partir de 11 de outubro, na Estação Leitura.

Encontro com Territórios recebe Nei Lopes

Local: Biblioteca Estação Leitura – estação Central do metrô, ao lado do quiosque Empada com Arte (telefone: 2253-9641)

Dia: 08 de novembro de 2018

Horário: 19h30

Distribuição de senhas para receber o livro gratuitamente: A partir de 25 de outubro, na Estação Leitura.

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