Anistia Internacional reforça urgência de debate sobre aborto após mortes no Rio e em Niterói

Para a organização, o assunto deve ser tratado como uma questão de saúde, e não criminal

RIO – A Anistia Internacional comentou, em nota divulgada nesta quarta-feira, as mortes de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, de 27 anos, e Elisângela Barbosa, de 32 anos, vítimas de abortos feitos em clínicas clandestinas no Rio e em Niterói. Para a organização, os dois casos reforçam a urgência de um debate sobre o tema no país. Para a Anistia, o aborto deve ser tratado como uma questão de saúde, e não criminal.

“O aborto inseguro é a quinta causa de morte materna no Brasil, de acordo com o DataSUS. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1 milhão de abortos ocorrem por ano no país, ou seja, mesmo sendo proibido, as mulheres não deixam de recorrer ao procedimento, e se expõem a este tipo de situação que vimos acontecer com Jandira e Elisângela. Este é um tema que não pode mais ficar fora da agenda pública nacional”, aponta, em nota, Átila Roque, diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil.

Um levantamento feito pelo pesquisador Mario Giani, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), feito a pedido do GLOBO, mostra que o Estado do Rio ultrapassou, no ano passado, a marca de 67 mil abortos. O trabalho mostra que teriam sido realizadas pelo menos 67.544 intervenções desse tipo em 2013. No município do Rio, foram, segundo os cálculos do pesquisador, 31.756 abortos clandestinos — que resultaram em 7.939 internações por conta de procedimentos espontâneos e induzidos. A capital é de longe a cidade do estado com o maior número de abortos. Duque de Caxias vem na segundo colocação, com 3.676 cirurgias (e 919 internações).

Jandira Magdalena dos Santos Cruz, desaparecida em Campo Grande após seguir para uma clínica de aborto - Reprodução / Internet
Jandira Magdalena dos Santos Cruz, desaparecida em Campo Grande após seguir para uma clínica de aborto – Reprodução / Internet
A carteira de identidade de Elizângela Barbosa, de 32 anos: grávida de cinco meses, ela foi encontrada morta na Estrada da Ititioca, em Niterói – Thiago Freitas / Agência O Globo

 

Fonte: O Globo 

 

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