“Ativismo que cola”: jovens vendem tatuagens feministas para o carnaval do DF

Estampas trazem frases como “Meu corpo, minhas regras” e “Não é não”

Por  Marianna Holanda, do Correio Braziliense 

Nos blocos de pré-carnaval em Brasília deste fim de semana, duas garotas passavam com um quadro de tatuagens temporárias e um spray d’água. O objetivo das designers Gabriela Alves e Luciana Lobato com o “ativismo que cola” era vender 14 tipos diferentes de estampas feministas. “No Carnaval, as pessoas bebem e acham normal ficar puxando pelo braço, pelo cabelo, e não é. Álcool não é desculpa para tudo. E no momento em que você coloca uma tatuagem com mão [mostrando o dedo] falando que não é obrigada, de alguma forma, você está coibindo isso”, explica Carolina Ferrare, a produtora e terceira idealizadora.

As tatuagens da Conspiração Libertina trazem frases como “Meu corpo, minhas regras” e “Não é não”. Há também algumas do movimento LGBT, como o unicórnio com a legenda “boy magia”. Elas funcionam como as “tatuagens de cliquete”: deve-se remover o plástico, colocar na o papel sobre a pele e molhar a região.

Não só para épocas de caraval, a loja também produz cartazes, ímãs e adesivos com a mesma proposta. O empreendimento surgiu em setembro do ano passado, quando as garotas procuravam um adesivo do símbolo feminista e não encontravam.

“Senti falta e pensei que outras pessoas pudessem sentir também, então resolvemos arriscar”, lembra Carolina. O carro-chefe da loja são as tatuagens, principalmente a do símbolo feminista com estampa floral.

Público diverso
No começo, as jovens acreditavam que o público seria como elas: jovens feministas. No entanto, elas se surpreenderam com a pluralidade do público que procura os produtos temáticos. “Outro dia, encontrei uma senhora de 70 anos com um adesivo de ‘Não sou obrigada’ na capinha do celular. É muito legal isso”, conta Carolina.

Em breve, a marca lançará uma cartela de tatuagens temporárias para crianças – outro público surpreendente, segundo a empreendedora. Bento, de 6 anos, viu as tatuagens em uma feirinha e logo se interessou. “Não acho que ele tenha plena consciência sobre a mensagem, mas não deixa de ser um gancho para tratar de questões que eu acho importante, de uma forma lúdica”, explica a mãe, Tiana Oliveira.

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