Ativista acusa centro empresarial de racismo após ser tratado como suspeito, em Salvador

O gestor de projetos Márcio de Oliveira Desidério, de 43 anos, registrou queixa de racismo contra a administração do Salvador Trade Center, um centro empresarial na capital da Bahia. Márcio estava, na última sexta-feira, em um café do centro empresarial com o primo, quando foi abordado por dois policiais. Os agentes o revistaram e disseram que tinham sido acionados pela administração do centro porque os dois “estavam em atitude suspeita”. Márcio, que também atua como ativista social, registrou ocorrência na 16ª DP, que fica na Pituba, por injúria e racismo.

Por: Célia Costa, do Extra

— Só consideraram a atitude suspeita porque nós somos negros. Fui com o meu primo a uma agência dos Correios que funciona no centro empresarial e, como estava fechada, resolvemos nos sentar em um café para esperar abrir. Ficamos no local por cerca de uma hora e não consumimos nada nesse período. Se não podia ficar no local sem consumir, poderiam ter avisado. Não precisava chamar a polícia — reclamou Márcio.

O gestor de projetos esteve na manhã desta segunda-feira no Ministério Público estadual da Bahia para denunciar mais uma vez o caso:

— É lamentável o que aconteceu. Estou muito triste. Já atuei no estado capacitando servidores, orientando a respeitar a diversidade e agora passo por esse constrangimento.

Cristiano Santos, amigo de Márcio, postou no Facebook um relato sobre o que ocorreu e tem recebido apoio:

Márcio, que é casado com uma advogada e pai de três filhos, ressaltou ainda o fato de Salvador ser a capital do país com maior concentração de negros .

— É um absurdo que dois homens negros sejam suspeitos por estarem sentado em um café por mais de uma hora — disse o gestor de projetos.

Em nota, o Salvador Trade Center informou que a “abordagem aos clientes foi decidida e executada legalmente pela Polícia Militar e não houve registro de que a conduta dos agentes da PM estava associada à discriminação ou injúria racial.”

Ainda segundo a nota, “o empreendimento, por onde circulam mais de 20 mil pessoas por dia, conta com o apoio da Policia Militar para garantir maior segurança aos seus clientes e reitera o seu repúdio a qualquer atitude de natureza discriminatória.”

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