Ato contra retirada da placa de Marielle reúne milhares de pessoas na Cinelândia

FONTEPor Luiz Franco* e Lucas Cardoso, do O Dia
Manifestacao com entrega de 1000 placas de rua com o nome da vereadora Mariele na Cinelandia. (Foto: Marcio Mercante / Agencia O Dia)

Mil réplicas de placas de rua em homenagem à Marielle Franco foram distribuídas na Cinelândia neste domingo, em ato que é organizado todo dia 14, desde abril, pelo gabinete da ex-vereadora, assassinada no dia 14 de março deste ano. Milhares de pessoas estiveram presentes.

Aos gritos de “Ele não!” e “Fascistas não passarão!”, as placas foram rapidamente distribuídas e erguidas na praça. Os que chegaram a tempo de conseguir uma, receberam diversas orientações de segurança, como ir e voltar acompanhados, não ficar andando na rua com a placa à mostra e ir direto para a casa ou algum lugar seguro após o ato.

Manifestacao com entrega de 1000 placas de rua com o nome da vereadora Mariele na Cinelandia. (Marcio Mercante / Agencia O Dia)

A confecção das placas foi uma resposta ao episódio em que Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, candidatos a deputados pelo PSL, destruíram a placa que homenageava Marielle e estava colocada na Praça Marechal Floriano, na Cinelândia, desde março.

Ao justificar a atitude, Amorim disse que a homenagem era uma “depredação do patrimônio público” e que “a placa era ilegal, imoral, ilegítima, arbitrária, contra a lei, que eles colocaram, ou mandaram colocar, passando por cima do patrimônio do Rio de Janeiro”. Rodrigo Amorim foi o deputado estadual mais votado do Rio. Daniel Silveira, candidato a deputado federal que posou ao lado dele com a placa destruída, também se elegeu.

“Em momento algum o patrimônio foi depredado, o que eu fiz foi uma intervenção artística”, explicou a autora da placa original, uma ativista que preferiu não ter o nome revelado por motivo de segurança. “Não é nem uma pichação, é uma coisa que você pode retirar a qualquer hora”.

Marcelo Feixo, segundo candidato a deputado federal mais votado no Estado, esteve presente no ato deste domingo e também rebateu a justificativa: “Não houve nenhuma depredação, houve uma homenagem pra fazer com que a memória da Marielle não fosse esquecida. Nada foi destruído. Era uma homenagem. Tentar destruir uma placa, rasgando uma placa, mostrando que se faz política com ódio, é o que a gente não precisa no Rio de Janeiro e nem no Brasil nesse momento”, afirmou o parlamentar. “Depredação da democracia é matar uma vereadora eleita, depredação da democracia é fazer política com ódio, depredação da democracia é não respeitar a memória de uma pessoa tão covardemente assassinada”, reforçou.

Wilson Witzel, candidato ao Governo do Rio mais votado no primeiro turno, esteve presente em outro ato – o que Rodrigo Amorim e Daniel Silveira exibiram a placa destruída, no início do mês. Por meio de nota, o ex-juiz federal reiterou “o que já declarou outras vezes, que lamenta a morte de qualquer ser humano em circunstâncias criminosas e que as investigações de homicídio devem ser conduzidas com rigor, e assim será feito caso seja eleito, dando respostas efetivas à sociedade”.

A ideia de confeccionar novas placas em homenagem à Marielle foi do Sensacionalista, site de humor com notícias fictícias. Pouco após a viralização da foto em que os parlamentares do PSL exibiam a placa destruída, no dia 4, o portal criou uma campanha de financiamento coletivo no Catarse. Em apenas vinte minutos, a meta – que originalmente confeccionaria 100 placas – foi batida. Foi aí que o Sensacionalista decidiu aumentar a meta para mil placas e doar o restante do dinheiro arrecadado para instituições que Marielle apoiava. A campanha ficou um dia no ar (a estimativa inicial era de uma semana), atingiu mais de 1500% e e arrecadou R$ 39.743, doados por 1.569 mil pessoas.

“Pra gente, foi muito surpreendente (a destruição da placa original), mas foi mais surpreendente ainda a solidariedade das pessoas e a vontade de dar uma resposta construtiva a isso”, afirmou Nelito Fernandes, um dos sócios do site.

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