Beyoncé leva 50 mil à loucura em São Paulo com show megalomaníaco

FONTEPor Gustavo Abreu, do IG
Beyonce (Foto: Evan AgostiniInvision/ AP/ File)

Quem é fã sabe que Beyoncé é extremamente minuciosa com seus shows. Assiste às gravações depois de cada um pra saber onde melhorar. Se o iluminador fizer alguma coisa errada, no dia seguinte recebe um bilhetinho com uma bronca. Se a bailarina perder uma batida sequer, também pode entrar pro caderninho da texana. Beyoncé quer um show perfeito, não admite falhas, e se tratando da maior estrela da música atualmente, não poderia ser diferente.

Mas a impressão que fica, a julgar por sua apresentação este domingo (15) em São Paulo, é que no meio do caminho alguém não a avisou que dez trocas de roupa e uma preocupação louca para ambientar cada música em um cenário diferente podem prejudicar o ritmo da performance. Não dá para mostrar tudo em duas horas. É preciso relaxar e deixar o público curtir o que mais quer ver (e o que ela sabe fazer de melhor): dançar e cantar.

A Mrs Carter Tour, vista por 50 mil pessoas no Morumbi, marca a segunda visita de Beyoncé ao Brasil. A primeira, em 2010, foi com a impecável I Am… World Tour, cujo maior mérito era justamente a simplicidade. Era apenas ela, poucos looks, sem cenário, oito bailarinos e sua banda formada apenas por mulheres. Um showzaço que a Tina Turner ficou orgulhosa de ver.

Agora Beyoncé tem um telão móvel, uma trupe de bailarinas e a cada três músicas sai de cena para voltar com outro look, de novo, de novo e de novo. Enquanto ela se troca, são mostrados vídeos com releituras de músicas menos famosas que, apesar de ótimos, são desnecessários e faz o show perder ritmo e também força. O fator “uau” (de descer uma escada como ninguém, por exemplo), que Beyoncé tem de sobra, se esvai logo na terceira entrada.

No quesito performance, no entanto, ela continua sendo a rainha. Dançou, rebolou, se jogou no chão, subiu no piano, bateu o cabelo. Tudo sem desafinar em nenhum segundo. E sem usar playback, como todas as outras fazem.

Extremamente simpática com o público, foi até a plateia e nem se importou com o puxão que levou de um fã mais empolgado. “Está OK, ele só está animado”, disse para o segurança que tirava o rapaz do gargarejo.

O set apresentado em São Paulo foi bem parecido com o do Rock in Rio, na sexta-feira (13), mas com uma sequência de baladas a mais (“I Care” e “I Miss You”). Outra diferença foi que a cantora apresentou sua nova música, “Grown Woman”, primeiro single de seu quinto CD, ainda não lançado. E, infelizmente, na capital paulista não teve “Lek Lek Lek”. Faltou também o medley de Destiny’s Child, que os fãs mais velhos sentiram falta.

O público vibrou com hits como “Run the World (Girls)”, “Irreplaceable” e “Single Ladies”, mas as melhores partes do show foram as músicas “Party” e “Why Don’t You Love Me”, onde Beyoncé se mostrou mais moderna nos arranjos e ambientação. Aliás, sua banda está mais afinada do que nunca — destaque para um solo de tirar o fôlego da baterista Kim Thompson durante “Diva”. “Crazy in Love”, maior hit da cantora, ganhou uma roupagem no estilo “O Grande Gatsby”, filme do qual seu marido Jay-Z, o senhor Mr. Carter, foi produtor musical.

A Mrs. Carter Tour é a primeira da cantora desde a demissão de seu pai e empresário, em 2011. Antes disso, era ele quem cuidava de tudo então, agora, os detalhes estão todos nas mãos dela. Considerando que seu novo CD nem foi lançado ainda, dá para entender o show desconexo e megalomaníaco. Aos poucos ela vai evoluir como produtora executiva e aprender a explorar melhor seus pontos fortes no palco. Mas o cenário, as pirofagias e os figurinos podem ficar em casa. Isso fica para quem precisa, como a Lady Gaga ou a Madonna.

 

 

 

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