Brasileiro tem confirmado primeiro teste para coronavírus

Enfermeiro em ação na unidade de tratamento intensivo de um hospital de Wuhan, epicentro do coronavírus na China STR / AFP

Com 61 anos, ele mora em São Paulo e esteve na Itália em fevereiro. Segundo nota do Ministério da Saúde, ele apresenta sinais brandos da doença

Por Carolina Brígido e Silvia Amorim, do O Globo 

Enfermeiro em ação na unidade de tratamento intensivo de um hospital de Wuhan, epicentro do coronavírus na China  STR / AFP

Um morador de São Paulo que chegou ao país vindo da Itália é o primeiro brasileiro com coronavírus. Um primeiro exame atestou positivo para a doença, segundo o Ministério da Saúde nesta terça-feira. Trata-se de um brasileiro de 61 anos que foi atendido no Hospital Albert Einstein, na capital paulista. Ele esteve na Itália, que já registrou mais de 320 casos, com pelo menos 4 mortes. Segundo nota do Ministério da Saúde, o brasileiro apresenta sinais brandos da doença, como tosse seca, febre, dor de garganta e coriza.

O hospital enviou a amostra para o laboratório Instituto Adolfo Lutz, de referência nacional, para ser realizada a contraprova. Segundo fontes, o resultado da contraprova também deu positivo. A divulgação oficial do resultado será feita esta manhã pelo ministério.

A investigação está sendo conduzida pelo ministério e pelas secretarias estadual e municipal de Saúde de São Paulo.

De acordo com o ministério, as secretarias estadual e municipal de Saúde de São Paulo estão realizando a identificação dos contatos que o paciente teve com outras pessoas na residência do paciente, no hospital e no voo, com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da companhia aérea.

Em nota, a prefeitura de São Paulo informou que “a Secretaria Municipal de Saúde permanece com os cuidados já divulgados, os servidores da área passaram por treinamento e estão preparados para atender e encaminhar casos suspeitos”.

Na Europa, a epidemia está mais concentrada na Itália, com pelo menos sete mortes. A primeira morte ocorreu na sexta-feira passada.

Outros países na região relataram casos de coronavírus — Áustria, Croácia, Suíça, Omã, Iraque e Afeganistão.

O que se sabe até agora
O que é coronavírus?
Nomeado a partir de sua forma circular, o coronavírus (CoV) denomina uma ampla família de vírus à qual pertencem as cepas que causaram, por exemplo, a Sars e a Mers, doenças que também vieram da China. Já se sabe que a atual pneumonia é causada por uma cepa que os cientistas ainda não conheciam, identificada como 2019-nCoV. A Organização Mundial da Saúde denominou a nova doença causada como Covid-19.

Quais são os sintomas?
Os sintomas mais comuns são febre (90% dos contaminados), tosse (70%) e fadiga muscular (41%). Já a síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), um tipo de insuficiência respiratória que causa acúmulo de líquidos nos pulmões e redução dos níveis de oxigênio no sangue, acomete 14% dos pacientes. Os dados são de um estudo chinês do Capital Medical University com a Qingdao University, reunindo informações de mais de 50 mil casos confirmados — cerca de 60% do total de contaminações no mundo. Diarreia, tosse com sangue, dor de cabeça, dor de garganta e outros sintomas ocorrem apenas em um pequeno número de pacientes.

Como é o contágio?
O coronavírus, em geral, é transmitido pelo ar, por meio de grandes gotículas expelidas na respiração, ou por contato direto ou indireto com secreções, mas ainda não há detalhes sobre a rota de transmissão deste novo coronavírus.

Como se prevenir?
O Ministério da Saúde recomenda evitar contato com pessoas que tenham sintomas suspeitos . É preciso redobrar cuidados com higiene, como a lavagem frequente das mãos. Também são recomendados: o uso de lenço descartável; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; não compartilhar talheres, pratos e copos; e manter ambientes ventilados.

Quão letal é este coronavírus?
Ainda segundo a pesquisa da Capital Medical University com a Qingdao University, um (21%) a cada cinco pacientes do novo coronavírus tem complicações mais graves. No entanto, a mortalidade não passa de 5% — em geral, as vítimas são idosos ou pessoas com alguma debilidade de saúde.

Quão contagioso é o vírus?
Especialistas em epidemiologia estimam que uma pessoa infectada possa transmitir o vírus, em média, para dois ou três outros indivíduos. Como o 2019-nCoV foi descoberto recentemente, é impossível detalhar sua rota de transmissão.

Há chances de pessoas sem sintomas espalharem o vírus?
Sim, mas ainda não se sabe exatamente qual o período de incubação. No último sábado, o governo de Hubei, na China, anunciou que um homem de 70 anos foi infectado com coronavírus, mas não apresentou sintomas até 27 dias depois. Isso significa que o período de incubação do vírus pode ser bem maior do que 14 dias, como havia sido calculado inicialmente.

Qual a origem do vírus?
Todo tipo de coronavírus costuma ser contraído por seres humanos a partir do contato com outras espécies. A Sars, por exemplo, veio da civeta (espécie aparentada do guaxinim), animal então consumido na China como iguaria. A Mers, que dizimou 858 dos 2.494 pacientes diagnosticados desde 2012, veio dos dromedários. A suspeita do novo coronavírus se originou num animal, que ainda não foi descoberto, e passou para o ser humano em um mercado de Wuhan,na província de Hubei, epicentro da doença.

O que o Ministério da Saúde considera caso suspeito?
Pessoas que apresentem pelo menos dois sintomas da doença e que, nos últimos 14 dias, tenham estado em um dos 16 países: China, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Camboja, Japão, Vietnã, Cingapura, Tailândia, Austrália, Filipinas, Malásia, Itália, Alemanha, França, Irã e Emirados Árabes.

 

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