Câmara Rejeita Prêmio Consciência Negra

Fonte: Jcnet

Vereadores de Pirajuí discordam de instituir “Prêmio Consciência Negra Cidadã” que seria entregue a afrodescendentes

 

 

Pirajuí – A Câmara de Pirajuí (58 quilômetros de Bauru) rejeitou por quatro votos o projeto de lei de autoria do presidente da Casa, Galeno Loureiro Sobrinho (PSB), que instituía no município o “Prêmio Consciência Negra Cidadã”. Para ser aprovado, o projeto de lei precisava de dois terços dos votos da Câmara, ou seja, seis votos.

 

Sobrinho define a não aprovação da proposta como “lamentável” e diz que, na maioria das Câmaras do País, existe projeto semelhante, intitulado “Prêmio Zumbi dos Palmares”. “Os vereadores, que votaram contra, alegaram que, em Pirajuí, não existia nenhum tipo de preconceito”, explica. “Eu achei que, ou eles não entenderam o projeto, ou eles agiram de forma preconceituosa”.

 

Sobrinho diz que o prêmio pretendia homenagear as pessoas ou entidades do município que se destacassem por sua atuação em defesa dos direitos dos negros e do combate ao racismo. “Em Pirajuí, aproximadamente, quase 50% da população são afrodescendentes. E nunca houve uma comemoração, solenidade, palestra, nada, sobre o dia da Consciência Negra”, revela.

 

O presidente destaca ainda que o projeto não iria resultar em gastos para a Câmara, já que, na última semana de novembro, Pirajuí realiza uma solenidade para homenagear pessoas de diversas áreas que se destacam durante o ano. Se a proposta fosse aprovada, o premiado iria receber diploma emitido pela Mesa da Câmara em sessão solene realizada por ocasião da celebração do Dia da Consciência Negra.

 

Os vereadores que votaram contra o projeto de lei foram Leila Neme de Barros (PPS), Wanderley Ferreira Grejo (PDT), José Cirineu Daniel (PRP) e Ademir José Alves (PSDB), conhecido como China. Votaram a favor da proposição, além do autor do documento, os vereadores Ricardo Cury (PDT), Carlos Roberto Coltri (DEM), Davi Henrique de Souza (PPS) e José Brabo Castro Junior (PRB).

 

Segundo o presidente da Câmara, as justificativas para a rejeição do projeto foram as mais variadas. “A Leila acha que iria incentivar ainda mais o racismo, que aqui não existe, o Cirineu afirmou que até fez uma enquete no bar dele e os próprios afrodescendentes não queriam ser homenageados”, conta. Já o Wanderley, segundo ele, falou que não iria votar favorável ao projeto porque não simpatizava com uma pessoa que atua em favor das causas sociais na cidade e o China achou que a proposta não iria agradar os demais setores da população.

 

A vereadora Leila Neme de Barros considera o tema polêmico, mas acredita que a proposta só iria contribuir para o aumento da distância entre os brancos e os negros. “Eu sou a favor do Dia da Consciência Negra, não como feriado, mas como uma forma de estimular o conhecimento da cultura, o benefício que o povo negro africano trouxe para nós. E inclusive ensinar, o que poucos sabem, que o negro foi escravizado não por ser negro, mas por uma guerra política, civil e militar até”, explica.

 

O parlamentar Ademir José Alves, o China, também compartilha da mesma opinião da vereadora e afirma que existem questões mais importantes para o município que merecem ser discutidas pela Câmara. “Eu não votei no projeto por entender que ele está causando ainda mais discriminação. Eu estaria diferenciando. Acho que estaria valorizando uma raça e desvalorizando a outra”, diz.

 

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