Em tempos onde partidos ainda precisam debater uma agenda que amplie a participação de mulheres nos cargos públicos, veículos de comunicação, pautados pelo que tratá maior número de cliques, e não por qualidade, preferem despertar o interesse do internauta usando a beleza de algumas candidatas a discutir propostas. Foi o que aconteceu com o Uol na semana passada, segundo Isa Penna, candidata do Psol à Câmara de São Paulo.
O repórter Vinícius Segalla assinou, no dia 21, a matéria “Conheça algumas das mais belas candidatadas das eleições de 2014”, texto que despertou a ira das próprias postulantes e de militantes de movimento feministas. Isa, 23, estudandte de direito, fez duras críticas à iniciativa e pediu que sua imagem fosse retirada da galeria. Nesta segunda (25), o Uol ainda não havia atendido ao pedido ou mesmo acrescentado o posicionamento da candidata no portal.
“Este tipo de matéria, além das diversas ‘cantadas’ que estou tomando nas ruas durante minha campanha, me entristece muito, já que a minha candidatura é justamente para combater esta lógica, de objetificação do corpo da mulher, que nunca é valorizada pelas suas idéias”, desabafou a socialista.
Dias depois, Isa iniciou uma campanha nas redes sociais incentivado os internautas a buscar matérias “machistas na grande mídia para coleta de denúncias”. “A publicação da matéria do UOL, que deixa, na opinião do jornalista, a eleição ‘mais palpável’, é só um pequeno exemplo da lógica opressora. (…) Além do machismo assustador, nos indigna muito que as ideias que defendemos simplesmente não aparecem. (…) Querem cobrir as eleições? Então que cumpram o papel de uma imprensa decente e divulguem aquilo que pensamos!”, disparou a estudante.
Isa terminou seu texto afirmando que esse caso evidencia ainda mais “a necessidade da luta pela democratização dos meios de comunicação. Inclusive da internet. Pois, por mais que pareça um espaço livre e aberto, os grandes meios de comunicação recebem grandes montantes de dinheiro dos governos por meio de publicidade. São eles que continuam colocando as pautas nos períodos eleitorais. E, no geral, são pautas conservadoras ou no mínimo despolitizadas.”