Carlinhos Brown inaugura centro de música em Salvador

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Carlinhos Brown (Foto: Fábio Rocha/Gshow)

Salvador, 13 nov (EFE).- O músico Carlinhos Brown inaugurou na quinta-feira, em Salvador, o Centro de Música Negra (CMN), que, segundo ele espera, servirá para materializar seu sonho de que os tambores “substituam” as armas.

“Queremos deixar um legado com este centro, substituir o tráfico de escravos pela troca de culturas e que os tambores cumpram a função para a qual nasceram, substituir as armas”, afirmou Brown.

O CMN é integrado ao Museu do Ritmo, foi impulsionado pelo músico e está localizado no bairro do Comércio, em Salvador, próximo ao centro histórico do Pelourinho.

O artista lembrou que o Pelourinho foi um mercado de escravos na época colonial, depois se transformou em uma zona de prostitutas e finalmente se transformou no “centro cultural” de Salvador, graças à contribuição de grupos musicais como o Olodum.

O cantor defendeu a utilização da música para combater “a degradação de valores humanos” e “a dor e a pobreza” à qual foram submetidos os povos africanos e seus descendentes.

“Houve escravidão e preconceitos no passado e hoje continua. Nós, africanos, queremos (…) utilizar nossa força espiritual para preservar nossa cultura”, acrescentou.

No entanto, na opinião de Brown, o CMN não se limita a explorar as expressões musicais das diferentes etnias negras, mas “amarra o desejo de irmanar todas as culturas”.

“Todos somos africanos: brasileiros, argentinos, uruguaios, anglo-saxões, bantús e urubás. Ser africano não é ser negro”, disse.

O CMN, em suas cinco salas, apresenta um percurso multimídia pelas diferentes contribuições dos negros para a música, desde os ritmos das tribos ancestrais da África até o jazz, o rap e outros sons contemporâneos.

A primeira sala é dedicada aos músicos que se tornaram ícones mundiais pelo impacto de suas obras, entre eles Gilberto Gil, Bob Marley, Carlos Santana, Ray Charles, Louis Armstrong, James Brown, Jimi Hendrix ou Aretha Franklin.

O segundo espaço se dedica à música africana contemporânea e é seguido por um “túnel” que faz referência à travessia dos navios negreiros da África para América, que foi “horrível”, mas trouxe a “fértil” cultura africana ao novo mundo, segundo o arquiteto Pedro Mendes Rocha, que projetou o espaço.

Os dois últimos núcleos, ainda em fase de construção e cuja inauguração está prevista para dezembro de 2010, são dedicados à América negra e às expressões mais contemporâneas, com um passeio do reggae ao hip hop. EFE

 

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