Clipes de Common e Nego E acabaram propõem reflexão sobre o peso do racismo

O racismo e o abuso policial contra a população negra têm sido o foco de manifestações artísticas de figuras de destaque no meio musical, tanto no hemisfério norte quanto por aqui no Brasil. Em 2016, nomes como Beyoncé, Kendrick Lamar,Rashid e MC Carol lançaram músicas e vídeos que abordam essas e outras questões caras à comunidade negra dentro e fora do Brasil.

Por Amauri Terto, do HUFFPOST BRASIL

Nesta semana, a lista de artistas com obras em prol da igualdade racial aumentou.

Em meio a uma onda de protestos na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte,depois da morte de Keith Lamont Scott durante uma ação policial, o rapperCommon lançou um videoclipe, no mínimo, impactante.

O registro para a música Black America Again traz logo na abertura a cena da morte de outro homem negro ocorrida este ano: Alton Sterling, assassinado por policiais brancos de Baton Rouge, na Louisiana. O teor político do vídeo é reforçado com a presença de diversos negros estadunidenses de diferentes idades com expressões de incredulidade.

Black America Again conta com vocais da lenda viva Stevie Wonder e tem arranjos assinados por Esperanza Spalding. A produção é dos jazzistas Karriem Riggins e Robert Glasper. Assista ao vídeo:

Em total diálogo com o registro de Common, o rapper paulistano Nego E lançou também nesta semana um clipe que propõe uma reflexão sobre o que são as históricas injustiças sofridas pelos negros no Brasil.

No vídeo de música Lua Negra, ele reúne depoimentos de diversas pessoas que falam sobre os medos e limitações impostos pelo racismo sofrido no dia a dia. A faixa tem participações especiais de KL Jay (Racionais MC’s) e da jovem MC Soffia. A canção traz ainda verso que traduz para o português a palavra de ordem do movimento norte-americano #BlackLivesMatter:“Vidas negras importam”.

De acordo com a CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens divulgada em junho, todo ano 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados no Brasil. Isso equivale a 63 por dia. Ou seja, um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no Brasil.

À Noisey, Nego E falou sobre a proposta do clipe:

 

“Ninguém melhor do que nós mesmos pra falarmos sobre o que passamos todos os dias, por isso buscamos recortes da luta negra pra falar um pouco sobre a treta de viver sabendo que pode ser morto por engano a qualquer momento e percebemos que esse medo rola tanto pro(a) preto(a) que mora no fundão da Cidade Tiradentes ou pro(a) que mora em Perdizes.”

 

Assista ao clipe:

Lua Negra integra o novo álbum do rapper, Oceano, que será lançado em outubro.

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