Concurso Miss Trans oferece reabilitação única para detentos

“Quando um transexual entra em uma prisão destinada à homens, ele invariavelmente se transforma em propriedade sexual dos prisioneiros”.

Por , do BuzzFeed

Todo mês de novembro no Complexo Penitenciário do Estado de Minas Gerais, a vencedora do concurso Miss Trans do ano anterior concede a coroa à próxima vencedora.

No ano passado, a fotógrafa Marcela Xavier esteve presente para fotografar os pontos turísticos e cerimônias ao redor deste concurso de beleza único. Marcela, que atualmente está estudando Direito e Jornalismo, sempre foi fascinada pelo sistema penitenciário, como prisões modernas são construídas, como funciona a segurança nelas e as regras internas que comandam a vida dos detentos.

Ao ouvir sobre o concurso Miss Trans na Prisão Estadual de Minas Gerais através de um amigo, Marcela soube que suas fotografias conseguiriam mostrar o evento de uma perspectiva instigante e fascinante.

O concurso Miss Trans oferece uma forma humanizada de reabilitação para as presos que não necessariamente se identificam com o sexo com o qual nasceram.

Marcela Xavier
Marcela Xavier

 

Marcela Xavier

 

O evento foi desenvolvido como uma forma de melhorar a autoestima das mulheres cumprindo penas atrás das grades, concedendo às detentas a oportunidade de usar maquiagem e vestidos para expressar suas verdadeiras identidades.

Marcela disse ao BuzzFeed:

“Elas eram assassinas e ladras comuns, mas ninguém falou sobre isso — o foco naquele dia era o concurso de beleza, e todas queriam ter seu melhor visual”.

“Foi um dia para sentirem-se como pessoas, em vez de detentas”.

Com a ajuda de uma equipe de estilistas profissionais e maquiadores, é dada às participantes do concurso a chance de imaginar suas vidas após a reclusão.

Em um comunicado sobre o projeto, Marcela explica que a vida de uma detenta transexual pode ser difícil e traumática:

A situação deste grupo é uma das mais delicadas dentro do sistema penitenciário — muitos dos presos cumprindo pena hoje nas alas LGBT passaram por prisões masculinas em algum momento, onde além de serem vítimas do preconceito, eram também vítimas de abuso físico”.

“Quando uma transexual entra em uma prisão destinada à homens, ela invariavelmente se transforma em propriedade sexual dos prisioneiros”.

“Muitas sofrem até 20 estupros diários”.

Xavier continua a explicar o sucesso deste concurso:

“Com a oportunidade de participar de um concurso de beleza usando seus nomes sociais e roupas que enfatizam suas naturezas femininas…

…não apenas as presas transexuais podem reafirmar suas identidades como mulheres, como também ganham visibilidade em frente à mídia, representantes da Ordem dos Advogados e companheiros de prisão”.

Para ver mais do trabalho de Marcela Xavier, confira seu site em www.marcelaxavier.net

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