Consciência negra é mudança. Mudança para o novo

Ao longo de nossa história recente, diversos movimentos sociais construíram diferentes bandeiras de luta como parte do fortalecimento de suas ações. O movimento negro não fugiu deste processo ao constituir para si o lema dinâmico da “Consciência Negra”. O tema trouxe para o cenário cultural e político brasileiro a questão da identidade, não enquanto um processo estático, imutável e essencialista, mas como uma identidade que está em constante dinamismo social, sobretudo porque considerou que a identidade tem que ser processada no cotidiano, na relação entre os iguais e os diferentes.

Texto: Dagoberto Fonseca / Ilustração: Vinicius de Araújo, no Alma Preta

A “Consciência Negra”, desta maneira, não é um meio de introspecção, de preenchimento do eu, do ensimesmamento de um sujeito sociocultural e histórico, pautado pela psicologia ou psicanálise, mas sim o contrário, pois advoga o encontro consigo e com o outro. A “Consciência Negra” necessita se enraizar cada vez mais de modo dinâmico e voltado para fora com o intuito de provocar mudanças no quadro social. Ou seja, a sua base é a constituição de uma nova maneira de ver, perceber, sentir e se posicionar no mundo. Esta consciência exige mobilidade e arregimentação para fazer da identidade a diferença, ou seja, não objetiva a construção da mera contradição ou contraste, mas sim do novo.

 

Prof. Dr. Dagoberto José Fonseca, docente da Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Araraquara, UNESP. Coordenador do Centro de Culturas e Línguas Africanas e da Diáspora Negra (CLADIN) e do Laboratório de Estudos Africanos, Afro-Brasileiros e da Diversidade (LEAD), Supervisor do Núcleo Negro da UNESP para Pesquisa e Extensão (NUPE) da mesma faculdade.

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