Cotas nas federais: Vitória da democracia

Por Sérgio José Custódio

A aprovação das cotas de 50% para a escola pública nas universidades federais, por turno e por curso, respeitando-se a proporção de negros e indígenas por região e um critério de renda, em 7 de agosto de 2012 no Senado da República, com o apoio de todos os partidos políticos no Parlamento brasileiro, representa, acima de tudo, a inequívoca vitalidade da democracia brasileira. Isso porque foi o embate de ideias, o diálogo dos movimentos sociais com o Parlamento e a maturidade das lideranças políticas que propiciaram essa revolução no acesso à universidade no Brasil, quebrando a cota do privilégio, que remete à ‘casa grande’, em vigência desde 1808. Moído e remoído a exaustão, por longínquos treze anos, o principal derrotado na questão foi o ex-senador Demóstenes Torres, o líder no Parlamento brasileiro da coalizão nacional anti-cotas, que atualizou o discurso do racismo no Brasil.

Novos Desafios

Com a aprovação, a educação do Brasil passa a ter novos desafios democráticos. À chiadeira miúda das elites anti-cotas, em seu direito justo de espernear, resta-lhes perceber as virtudes soberanas da democracia brasileira. No entanto, não são essas lágrimas de crocodilo que darão a nova governança da educação do país. Com a obrigatoriedade do ensino médio e os seis milhões de inscritos no ENEM 2012, é para frente que o Brasil precisa olhar.

Por isso, acerta o sr. ministro da Educação Aloizio Mercadante, ao sustentar que as cotas mudarão conceitualmente o ensino médio público (onde estão nove de cada dez estudantes), numa lógica de ensino-aprendizagem alicerçada na interdisciplinaridade, como preconiza o ENEM e com outro ânimo, vocação e poder de mobilização sobre os corações e mentes das novas gerações e suas famílias em âmbito federal, ecoando para dentro da escola pública uma virtuosa competição que põe ao alcance de todos a universidade pública de qualidade, um tempo novo para o Brasil na era do conhecimento, tornando estrutural a nova ascensão social brasileira. Trata-se de um leque de cem milhões de pessoas, trabalhadores e trabalhadoras, chamada de “nova classe média”, cujo sucesso, é condição “sine qua non” para o crescimento sustentável do país e sua coesão social.

Novo Paradigma

Como na história do vôlei brasileiro, uma vez convocado e municiado de oportunidades, o povo brasileiro fará jus ao novo paradigma do acesso à universidade no Brasil. Luiza Bairros, a mulher negra e ministra da Promoção da Igualdade Racial é a mostra viva de que esse passo certo da democracia brasileira dá conta da vez dos negros e indígenas.

Outrora, fora a Princesa Isabel que fizera o gesto de assinar uma abolição. Porém, incompleta e inconclusa. Em 2012, um episódio central de sua completude, porque educação é poder, está a cargo de Dilma Rousseff, a primeira mulher eleita presidente do Brasil. A história do Brasil reconhecerá que ela não faltou a esse encontro.

 

Fonte: Caros Amigos 

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