Crônica sobre o racismo em relação à mulher negra

Hoje comprei o “Le monde” pra ver se fico mais inteligente. Pra ver se fico mais “cult”. (Será que tem alguma seção que diga sobre a crise do coração latino-americano? Latino-americano tem hífem?).

por Vanessa Nunes Lopes via Guest Post para o Portal Geledés

Pensei também em começar a ler a Piauí e adquirir aquele ar blasé irresistível para os homens da minha geração que frequentam Santa Tereza, usam óculos de aro grosso, barba mal feita e não pegam ninguém. Mas é que – sei lá – meu tipo físico não ajuda. Acho que pra ser blasé a pessoa não pode ter essa cara de mulata iê-iê-iê, cheirando a marchinha de carnaval e confete, que Deus me deu. Pra piorar, meu riso frouxo me trai.

Então – que jeito? – vai o “Le monde” mesmo. Pseudo dançarina de gafieira, mulata e brejeira, meu plano agora é deixar de ser um clichê e virar um clássico. Uma preta sabida de verdade, que entende a diferença entre Inglaterra, Grã bretanha e Reino Unido. Que sabe o que é Unasul e Brics. Que quando chega em casa, voltando da Pedra do Sal, se senta num canto e produz literatura. Tipo Cartola, saca? Poetisa do morro não foi possível, menos pelo morro e mais pela poesia, que essa é difícil de sair.

De qualquer jeito, mato a vontade de (me) escrever por aí, surpreendendo a quem pensou que eu só soubesse sambar.”

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