Dados nacionais mostram aumento de novos casos de aids entre os afrodescendentes

por Lucas Bonanno

Há 11 anos, o sistema nacional de notificação de aids passou a incluir o quesito raça/cor no boletim epidemiológico, o que foi possível analisar com mais precisão o impacto da epidemia nos afrodescendente, explica Damiana Neto, que trabalha na área de direitos humanos, risco e vulnerabilidade do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.

Segundo este boletim, em 2000, 37,5% das pessoas diagnosticas com aids se diziam preta e perda. Em 2010, elas já somavam 47%. Em 2009, por exemplo, houve mais casos registrados em mulheres afrodescendentes do que nas que se denominam brancas.

“Mas é importante ressaltar que a vulnerabilidade da população negra é social e não biológica”, enfatiza Damiana.

Ela afirma que preocupado com esta vulnerabilidade, o Departamento de Aids passou a apoiar tecnicamente e financeiramente eventos estaduais e municipais sobre o assunto.

Damiana cita como exemplo o projeto Afro-atitude, que, em parceria com universidades, promoveu pesquisas na área; atividades de prevenção junto aos praticantes de religiões afro, sendo que muitos deles são homossexuais; e o incentivo à participação de ativistas que lutam contra a desigualdade racial na Comissão de Articulação com Movimentos Sociais.

Em 2005, a campanha focada no Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º de dezembro) teve como lema Aids e Racismo – O Brasil tem que viver sem preconceitos.

Pesquisas comprovam vulnerabilidade

Na publicação “Saúde e Sociedade”, lançada em março pelo Departamento de Aids, foram compilados os resultados de 10 pesquisas em sete Estados brasileiros a partir da Chamada de Pesquisas Nacionais em População Negra e HIV. Acesse aqui. http://www.aids.gov.br/sites/default/files/publicacao/2011/saude_sociedade_negros_aids_1_pdf_90064.pdf

As pesquisas mostraram um número expressivo de negras brasileiras que ainda têm baixos níveis de escolaridade e não possuem plano de saúde. Na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, 58,8% delas possuem apenas o ensino fundamental completo/incompleto e 55,6% não tem assistência de saúde privada.

O estudo realizado com jovens mulheres moradoras de 10 diferentes comunidades do Rio de Janeiro, comprova que 74% são negras, 39% são sexualmente ativas e 24,4% destas mulheres são portadoras de alguma doença sexualmente transmissível.

Dia da Consciência Negra

O Dia Nacional da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A semana dentro da qual está esse dia recebe o nome de Semana da Consciência Negra. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O Dia da Consciência Negra procura ser uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro (1594).

Fonte: Agência de notícias da AIDS

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