Ginasta, que foi pega no antidoping por uso de furosemida, convoca a imprensa para comentar nesta sexta o parecer da entidade sobre o caso
A ginasta Daiane dos Santos foi suspensa por cinco meses pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), em decisão tomada pela comissão disciplinar após investigar o resultado do exame antidoping feito em 2 de julho do ano passado. Na ocasião, a campeã mundial do solo em 2003 foi pega pelo uso de furosemida, e ela poderia pegar até dois anos de suspensão. A punição passa a contar a partir do dia 27 de janeiro deste ano.
A atleta, que soube da decisão antes da divulgação para imprensa, ainda pode recorrer. No entanto, a Agência Mundial Antidoping (Wada) poderá levar o caso à Corte Arbirtal do Esporte (CAS), caso fique insatisfeita com a punição imposta à brasileira. Daiane dará uma coletiva de imprensa no Pinheiros com o intuito de comentar o parecer da entidade.
Em seu relatório, a comissão destacou que Daiane teve um comportamento “altamente negligente” por não saber que a furosemida era proibida e ter admitido em seu depoimento não conhecer as regras antidoping da FIG e da Wada, apesar das informações sobre o assunto dadas nas principais competições. Embora tenha deixado claro que estava sem competir e que fez o uso do diurético sem o objetivo de ganho de performance, Daiane não sabia que podia ter pedido a isenção do uso terapêutico. Ela também não comunicou à sua médica (não especializada em esportes) sobre as responsabilidades de uma ginasta de alto nível e da lista de substâncias proibidas. Também não questionou o que continha nas injeções.
– Como atleta, ela á responsável por tudo o que toma, pela escolha do médico pessoal e de alertá-lo de que não pode lhe dar substâncias proibidas – diz um trecho do relatório, que destaca ainda o arrependimento da atleta, que se declarou “envergonhada perante a família, a Confederação e o seu país, além de ginastas e esportistas em geral”.
Entenda o caso
Em meados de dezembro, a ginasta fez questão de ir até Lausanne, na Suíça, para dar suas explicações sobre o caso. O painel formado pelo tunisiano Rached Gharbi, pela portuguesa Margarida Dias Ferreira e pelo suíço Paul Engelmanno considerou seu depoimento transparente e construtivo.
O que só fez a aumentar a esperança de Daiane com relação a um possível arquivamento ou à redução da punição. Desde o dia 30 de outubro, quando a FIG revelou o resultado do exame antidoping feito fora de competição, no mês de julho, a ginasta acreditava que pudesse convencer a entidade de que não teve a intenção de fazer uso do diurético para ter ganho de desempenho, já que estava se recuperando de uma cirurgia no joelho e fora da seleção brasileira desde outubro de 2008.
Em entrevista coletiva concedida em novembro, ela confessou ter tomado a furosemida para auxiliar num tratamento estético feito com uma biomédica, que visava reduzir gordura localizada. Daiane também admitiu ter sido desatenta, mas que não esperava estar elegível para os testes já que estava voltando a treinar aos poucos e não podia competir.
Através de seu porta-voz, Philippe Silacci, a FIG explicou que a brasileira fazia parte da lista de atletas sujeitos a controle antidoping e que, por isso, deveria estar disponível e preparada para exames. Antes da declaração da entidade, o Pinheiros, clube que Daiane defende, chegou a alegar que cabia à CBG ter notificado a FIG de que a ginasta estava em recuperação clínica, o que poderia ter evitado a abertura do processo de investigação.
Nos últimos meses, apoiada pela família e companheiros de seleção, Daiane se dedicou ao tratamento de fisioterapia e retomava, aos poucos, o treinamento, disposta a seguir com seu plano de encerrar a carreira somente após a disputa dos Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Fonte: Globo Esporte