Demóstenes teria aliados que trabalham em silêncio para garantir mandato, diz fonte

Alvo do mais ruidoso processo para a cassação de um mandato, na história recente da República, o senador Demóstenes Torres ainda tentaria, segundo articuladores políticos no Plenário do Senado, amealhar votos suficientes – em uma votação secreta – para se manter no cargo e, desta forma, escapar à prisão comum à qual será encarcerado, caso confirmada a participação dele na rede criminosa do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Conversas de bastidores, após o silêncio de Demóstenes na sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira , nesta quarta-feira, indicam que a situação do réu ficou mais difícil, mas ainda teria apoio suficiente para dificultar a cassação, em uma votação apertada, com risco do parlamentar se manter no cargo.

– Apesar da indignação nacional, na hora de depositar o voto na urna, nem sempre o que pesa mais na consciência dos senadores é a opinião pública. Muitos levam em conta outros compromissos e, como o voto é secreto, a teia de relacionamentos tecida por Demóstenes poderá segurá-lo para não perder o mandato e, com isso, evitar a possibilidade de pagar uma eventual pena em um presídio qualquer – disse ao Correio do Brasil um importante funcionário do Senado, sob condição de anonimato.

Demóstenes reuniria cerca de 30 votos por sua absolvição e, para que o senador seja cassado, são necessários, no mínimo, 41 votos em um colégio de 81 senadores. Integrantes do Conselho de Ética já detectaram uma movimentação recente nos bastidores em favor de Demóstenes. Na avaliação de seus pares, a votação apertada ocorreria pelo fato de que o voto para cassação de mandatos é secreto. Em agosto do ano passado, a Câmara absolveu em votação secreta a deputada Jaqueline Roriz, ré confessa no processo por evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O caso chegou a estimular a criação de uma frente parlamentar em defesa do voto aberto, pela a aprovação da PEC 349/01 que, se aprovada, poderá extinguir o voto secreto no Legislativo.

Um dos articuladores pela absolvição de Demóstenes seria o senador Pedro Taques (PDT-MT), segundo o acusa o deputado Silvio Costa (PTB-PE), que agrediu verbalmente o senador Demóstenes Torres, chamando-o de “traidor” e “hipócrita”. De acordo com o parlamentar pernambucano, Taques trabalha pela absolvição do colega junto aos demais senadores. Costa e Taques protagonizaram um bate-boca na reunião da CPI do Cachoeira marcada para ouvir Demóstenes, que preferiu ficar em silêncio.

– Tenho certeza que o Senado brasileiro vai cassá-lo por 80 votos a favor. Espero que o senador Pedro Taques, que hoje mostrou que poderá ser um voto para absolvê-lo, repense o voto e vote pela cassação – afirmou Costa.

 

 

 

Fonte: Correio do Brasil

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