“DENÚNCIA: Agora estamos na era da caça às publicações que tratam da cultura afro-brasileira

Meu livro Omo-Oba: Histórias de Princesas (Mazza Edições, 2009), por sinal, altamente premiado, foi caçado ao ser adotado pelo SESI VOLTA REDONDA (RJ) quando pais fundamentalistas procuraram jornais e setores da educação para denuncia-lo por tratar de princesas africanas. A postura do SESI foi simplesmente trocar por outro livro.

Texto retirado do Facebook Kiusam de Oliveira

Roger Cipó/Facebook

Omo-Oba é um livro que privilegia o recontar de mitos africanos pouco conhecidos pelo público brasileiro em geral. O livro apresenta seis histórias de rainhas, na figura de princesas, com o objetivo de fortalecer a personalidade de meninas, independente de raça/cor, etnia, condições socioeconômicas.

Tais rainhas são nossas ancestrais, uma vez que há comprovações científicas de que África é o Berço da Humanidade.

A forma com que eu as apresento neste livro é sem nenhuma conotação religiosa, mergulhadas que estão na história e nos aspectos da cultura afro-brasileira, através de uma narrativa com personagens negras cheias de afeto e de empoderamento, o que é uma raridade em bibliotecas brasileiras.

Ele atende perfeitamente as leis 10.639/03 e 11.645/08 que obriga o ensino da História da África e das Culturas Afro-brasileira nas escolas em todos os seus segmentos.

O livro é altamente premiado, além de ser um espelho para o ser negro no país. Fui professora da Educação Infantil por 23 anos e atualmente sou professora na Universidade Federal do Espírito Santo, dando continuidade ao meu trabalho de fortalecimento e formação de crianças, jovens e adultos negros.

Capa Facebook/Kiusam de Oliveira

Durante estes anos, foram várias as situações de confrontos de alunos negros com a ausência de príncipes e princesas como eles nas literaturas infantil e juvenil brasileira. Assim sendo, resolvi publicar histórias de rainhas negras que fazem parte da história, da cultura e da HUMANIDADE.

Pode parecer pouco, mas num país racista e eurocêntrico como o Brasil, tais princesas têm sido a defesa de crianças negras na luta contra a sua invisibilidade, a discriminação racial e o racismo. Ao SESI que adotou o livro, parabéns, mas ao mesmo SESI que o alterou no momento de manifestações contrárias sem que efetivamente tivesse exercido um papel educador e transformador eu digo, sinto muito.

imagem Facebook

Mas sinto muito mais pelas crianças negras que continuam como fantoches nas mãos de professores/as e profissionais da educação totalmente despreparados/as para lidar com as práticas racistas como vemos nesse caso, onde raramente a educação pensa um projeto que combata de frente, o racismo, tendo em vista o bem-estar da criança, do jovem e do adulto negros que ocupam os espaços escolares.

Continuamos, assim, a ver um país de pretos sendo manipulados por brancos, pretos sendo exterminados por brancos. E assim, o golpe… aquele golpe branco, continua a pautar o extermínio da população negra.

O que nos cabe?

Estarmos juntas e juntos combatendo o fascismo, a opressão, a ditadura de forma visceral.

Somos alvos e vítimas daqueles coxinhas que tanto apostaram num país melhor!”

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