Disco mexicano de Simonal chega ao Brasil com 40 anos de atraso

FONTEDa Folha de S. Paulo
(Foto: Imagem retirada do site UOL)

Lançado há 40 anos pela filial mexicana da gravadora Odeon, “México ’70” ganha enfim uma edição nacional.

O LP original foi lançado na esteira da boa receptividade alcançada pelos shows que o cantor fez naquele país às vésperas da Copa de 70.

De suas 12 faixas, apenas quatro chegaram ao Brasil naquele ano. “Kiki” (Simonal/Nonato Buzar), “As Menininhas do Leblon” (Silvio César), “Aqui É o País do Futebol” (Milton Nascimento/ Fernando Brant) e “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda” (Lamartine Babo/Francisco Mattoso) foram lançadas em compacto.

A origem das demais faixas do disco ainda é obscura. Sabe-se apenas que foram gravadas em estúdios cariocas entre outubro de 1969 e março de 1970.

METAMORFOSE

“México ’70” é momento crucial na carreira do cantor, pois o flagra em pleno processo de metamorfose.

Do Simonal à antiga vem a italiana “Ecco il Tipo Che io Cercavo” (Nino Tristano/ Simoni/Pontiack). O arranjo segue à risca a cartilha da pilantragem, gênero propagado por Simonal nos programa de TV e nos quatro LPs da série “Alegria, Alegria”, lançados entre 1967 e 1969.

Já as gravações de “Crioula” e “Que Pena” (Jorge Ben), “Ave Maria no Morro” (Herivelto Martins) e a inusitada versão em italiano de “Aquarius” (da trilha de “Hair”) apontavam os caminhos que ele seguiria a seguir, inserindo em sua música fortes elementos do soul americano.

Espetaculares, os arranjos foram criados por Cesar Camargo Mariano e executados por seu Som Três –trio que acompanhava Simonal em discos e shows formado pelo baixista Sabá e o baterista Toninho Pinheiro, além de Cesar ao piano.

Um naipe de metais não creditado faz a costura.

A voz de Simonal estava no auge da potência, mas ele não abusava desse poder. Sabia soar delicado em números como “Raindrops Keep Fallin’ on my Head”, cantava em inglês tão bem pronunciado que não se podia crer que viesse de alguém que mal arranhava o idioma.

Era, ali, um artista pleno. E acreditava estar pronto para conquistar o mundo –mesmo sentimento, aliás, que vivia o país do futebol após aquele tricampeonato.

MÉXICO ’70
ARTISTA: Wilson Simonal
GRAVADORA: EMI
QUANTO: R$ 25, em média
AVALIAÇÃO: ótimo

Foto em destaque: Reprodução/ UOL

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