Aliado de bicheiro diz que orientou diretor da revista em matéria sobre governador
O diretor da sucursal da Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e Roberto Civita, dono da Editora Abril, responsável pela publicação da revista, podem ser convocados a prestar esclarecimento na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira, que vai investigar os negócios do bicheiro.
As denúncias envolvendo Policarpo Júnior repercutiram no Congresso e a comissão se reúne nesta quarta-feira (2) para analisar os pedidos de convocação. O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) defende que a relação entre a quadrilha e um jornalista da revista seja esclarecida pelo grupo de trabalho.
— É uma relação política estabelecida e que precisa ser esclarecida à população. Diferente de jornalismo investigativo, esta atitude que me parece muito mais de cumplicidade.
Em uma das gravações feitas pela Polícia Federal, à qual o R7 teve acesso, Cláudio Abreu , ex-diretor da Delta Construções, diz que deu orientações a Policarpo Júnior para produção de uma reportagem sobre Agnelo Queiroz (PT-DF). Dias antes, foi publicada uma denúncia sobre a atuação do governador na operação Caixa de Pandora, que derrubou o antecessor e rival José Arruda (ex-DEM).
Aparentemente, o grupo de Cachoeira tentava abastecer a revista com informações que interessavam a seus negócios. Entre o dia 29 e 30 de janeiro, membros do grupo discutem a repercussão da matéria e usam a história para pressionar o governo para o cumprimento de uma promessa não identificada pelo inquérito da PF.
Uma das armas do grupo é o senador Demóstenes Torres (DEM), que deu declarações – e poderia dizer mais – à imprensa a respeito do caso.
Em conversa telefônica do dia 30 de janeiro, Dadá – Idalberto Matias de Araujo, o braço direito de Cachoeira – diz a um interlocutor identificado como Andrezinho que sabia da reportagem na Veja antes da publicação e que tinha pedido para o chefe “provocar para que o senador [Demóstenes Torres] fosse ouvido na matéria”.
No mesmo dia, Cachoeira pergunta a Dadá:
– Será que ele [Agnelo] cai?
Nesta degravação, a Polícia Federal especifica que eles comentam sobre a reportagem da Veja que trata do caso do governador do DF.
A estratégia dos dois era continuar “batendo” do governador até que ele resolvesse certo problema. Outra possibilidade que Dadá levanta é arquitetar a queda de Agnelo em três ou quatro meses para que o vice-governador, Tadeu FIlipelli, assumisse.
– Aí ele resolve nossa vida, né possível! (sic).
Veja a reportagem completa:
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Fonte: R7