Dream Team do Passinho fala sobre carreira e racismo: ‘Seguir lutando’

FONTEPor Danutta Rodrigues, do G1
Dream Team do Passinho está em Salvador nesta (Foto: Bob Wolfenson/Divulgação)

“Os moleques levantam da cama…dançando! Ninguém é melhor que ninguém…Sonhando! Todo mundo é passinho nervoso cruzando as pernas no Brasil. O passinho deu um pulo pro mundo, o sonho de quem não desistiu”. A canção intitulada “Time que Sonha” é um retrato fiel da trajetória de Lellêzinha, Diogo Breguete, Hiltinho, Pablinho e Rafael Mike. Os meninos e a menina do Dream Team do Passinho imprimem personalidade e afirmação por meio de canções e dança que são fenômeno do pop-funk carioca do país.

“A gente quer encarar e mostrar a realidade do jovem da favela de uma forma positiva, propositiva e feliz. Somos bem isso mesmo!”, disse Rafael Mike. O grupo, que já se apresentou em grandes palcos brasileiros, além de Miami e Nova York, também fez parte da abertura da Olimpíada de 2016, realizada no Rio de Janeiro. Em uma parceria inédita com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA da ONU Brasil), os jovens criaram uma música e coreografia, “Mais direitos, Menos Zika”, em campanha de combate à epidemia do vírus.

Ao lado dos colegas e amigos do grupo, o “passinho” invade Salvador pela primeira vez nesta terça-feira (1º), no projeto “Encontros & Africanidades”. A apresentação deles vai ser no Largo Tereza Batista, Pelourinho, a partir das 19h. Os ingressos custam R$ 40 e R$ 20. A casadinha custa R$ 30.  “Muita alegria. Muito funk. Muito passinho. Muita liberdade. Queremos fazer uma noite inesquecível pra nossa rapaziada da Bahia!”, afirma Lellêzinha.

Em entrevista ao G1, o jovens falaram sobre racismo, os desafios dentro da música brasileira e sobre a campanha de combate ao vírus da Zika. Confira:

G1 Como vocês driblam diariamente o racismo?
Rafael Mike – Trabalhando cada vez mais e mais. Entendendo que isso não vai parar ou desestimular a gente. Isso de certa forma é um combustível para gente seguir lutando por nós e para criar novas possibilidades (de autoestima e trabalho) para o nosso povo negro.

G1– O que vocês consideram como maior desafio para alcançarem o espaço que possuem hoje dentro da música brasileira?
Diogo Breguete – O Dream Team do Passinho está só começando. A gente quer flertar com todo tipo de som de preto. O passinho é de onde a gente veio, mas não temos limites.

G1 – Como integrante de Malhação, qual a opinião de Lellêzinha a respeito do papel do negro e da representatividade do negro na televisão brasileira?
Lellêzinha – Os negros são 54% da população brasileira. A representatividade do negro na televisão é extremamente insuficiente. Ao mesmo tempo, fico feliz em ver atores como Taís Araújo, Lázaro Ramos e Cris Vianna conquistando bons papéis e abrindo caminhos.

G1 – A mulher negra enfrenta ainda mais preconceito na sociedade brasileira. Como é para você, Lellêzinha, ser a única menina do Dream Team do Passinho?
Lellêzinha – Ser mulher preta é sempre um desafio. Fiz uma música agora que fala bastante sobre isso: “A nega é braba e o mundo é meu./ A batalha é parte do show/ Dou o sangue e se cair levanto/ Se eu cair levanto e vou”. É uma parceria com Rafael Mike e Pedro Breder.

G1– Em um momento de epidemia do Zika no Brasil, o Dream Team do Passinho abraça a campanha ‘Mais Direitos, Menos Zika’, do Fundo de População da ONU. Como vocês enxergam a importância da participação de vocês nessa ação para dar visibilidade ao tema?
Diogo Breguete – Estamos felizes em participar dessa campanha. É preciso levar esse tema ao jovem! O funk e a alegria são formas interessantes de falar com ele. O jovem não é problema. É solução.

G1 – Qual a mensagem que vocês esperam passar para a juventude negra?
Rafael Mike – Continue sonhando, correndo atrás e lutando pelos seus desejos. Tudo é possível.

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