É a rede social, mamãe – Por: Fernanda Pompeu

(Foto: Lucíola Pompeu)

A inspiração para esta webcrônica veio de uma frase de Ken Blanchard: Nenhum de nós é tão esperto quanto todos nós juntos. Ken é considerado um autor-guru da administração de empresas. Achei bem curioso que tal enunciado seja a síntese perfeita do que rola nas redes sociais. Ele foi dito não por uma garota-smartphone de vinte anos, mas por um senhor de setenta e cinco.

Por sua vez, a idade de Ken me fez lembrar de mamãe, oitenta e um. Ao me ver postando no Facebook – e faço isso obsessivamente várias vezes ao dia – ela sempre pergunta: Mas o que é isto?Daí explico que o Face é uma plataforma eletrônica, na qual as pessoas trocam amores, ódios, preferências políticas, cachorros, gatos, poemas, petardos, conhecimentos.

Ela escuta, pensa um pouquinho e devolve: Ah, é um clube de amigos. Qual a novidade disso?Respondo que é mais ou menos isso. Mas depois fico pensando que uma rede social é muito mais do que um clube de amigos. Começa que os sócios não pagam para frequentá-las. Também não há proprietário, gerente, porteiro. Os “associados” se encarregam de tudo.

O que mais me seduz na experiência das redes socias é a presença da criação coletiva em massa. Creio que só possível em uma plataforma democrática, horizontalizada, simples. Atributos que permitem que todos sejam produtores de conteúdos. É claro há bons e maus produtores. Mas esse é outro atalho da questão.

Mesmo aqueles que não postam conteúdos originais – textos, fotos, vídeos, ilustrações – participam compartilhando posts alheios. Essa atividade demonstra outra qualidade de uma rede social: cada um contribui a sua maneira. Cada um põe seu ingrediente no caldeirão de todos. Então levanta a fervura de conhecimentos entrecruzados e do saudável contraditório.

Com tantos argumentos, volto a explicar para minha mãe: Não é um clube porque não tem muros e não admite apenas iguais. Também não é uma escola, pois não há as figuras fixas de professores e alunos. Até existem os que ensinam e os que aprendem, mas eles trocam constantemente de lugar.

Não faço ideia se o Ken Blanchard pensava nas redes sociais, ao dizer: Nenhum de nós é tão esperto quanto todos nós juntos. Talvez não, pois essa verdade existe desde a época das cavernas. Tempo em que os humanos descobriram que para caçar, cozinhar, se abrigar, se acasalar era necessário estar juntos.

Fonte: Yahoo

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