Empresa de Franca é condenada por racismo

Fonte: Cosmo Online –

No setor em que um funcionário negro trabalhava, foi afixada uma placa com a frase: “Não de banana ao macaco

A empresa calçadista Point Shoes Ltda, que produz a marca Carmen Steffens, foi condenada pela Justiça do Trabalho a pagar R$ 100.320,00 de indenização ao ex-funcionário Dárcio Martins da Silva. O motivo seria discriminação racial que o trabalhador alega ter sofrido durante um ano no ambiente de trabalho.

 

Silva diz ter sido vítima de insultos racistas por parte de colegas de trabalho e até do chefe. Em uma das ocasiões afirma que um cartaz foi colocado em seu setor com os seguintes dizeres: ‘Não de banana ao macaco. Assinado a direção do zoológico’.

Revoltado, ele moveu uma ação contra a empresa no ano passado, sendo a decisão proferida nesta semana através do desembargador Eurico Cruz Neto. Ele considerou que os atos discriminatórios teriam acarretado sofrimento ao empregado.

Inicialmente foi fixada uma indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil, mas os advogados do sapateiro recorreram ao Tribunal Regional do Trabalho e esse valor foi aumentado. De acordo com o advogado Luiz Mauro de Souza, o valor inicial seria insuficiente para apagar a mágoa e a lembrança do ocorrido.

Sindicato planeja protesto

 

Dárcio Martins da Silva trabalhava no setor de expedição em uma área que é fechada por grades, principalmente por causa da segurança. Segundo ele, justamente por isso as gozações aumentaram e alguns funcionários o tratavam como se estivesse numa jaula.

Os atos de racismo chegaram inclusive a serem objetos de ocorrência policial em janeiro do ano passado. Na decisão, o juiz afirmou que é inegável que as brincadeiras foram constrangedoras para o sapateiro, citando o caso do cartaz com dizeres discriminatórios.

A partir da decisão judicial, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Franca promete iniciar nos próximos dias uma série de manifestações contra a discriminação no interior das fábricas.

O presidente da entidade, Paulo Afonso Ribeiro, diz que o caso em questão é extremamente grave, mas que a Justiça fez prevalecer os direitos da etnia. O sindicalista falou que a discriminação não é apenas com relação aos negros, mas principalmente para com as mulheres. Segundo ele, por dia chega ao sindicato uma média de 5 denúncias de discriminação ou assédio no ambiente de trabalho.

Empresa vai recorrer

Em nota, a empresa informou que seu Departamento Jurídico recorrerá da sentença. Alega ainda que não teve atuação direta nas supostas brincadeiras.

‘A condenação se deu pela interpretação da responsabilidade objetiva, que responsabiliza o empregador por qualquer atitude ocorrida dentro da empresa, ainda que se tenha se dado apenas entre colegas de trabalho’, informou a empresa através da advogada Adriana Mendonça.

A Point Shoes argumenta também que possui empregados negros e que repudia qualquer tipo de discriminação. ‘As condições oferecidas dentro da empresa vão muito além da igualdade entre as pessoas, com um ambiente de trabalho higiênico e seguro em total obediência aos órgãos protetores das relações do trabalho’.

Matéria original: Empresa de Franca é condenada por racismo

 

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